“ISTO É, INVEJA DAQUELA ÉPOCA” - Revista Camocim

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segunda-feira, 20 de junho de 2016

“ISTO É, INVEJA DAQUELA ÉPOCA”

Já faz algum tempo que deixei de assistir jornais pela televisão e também de ler as “revistas sérias” do nosso país. Poderia dizer que estou sem tempo (o que não deixa de ser verdade), ou então que não pretendo “ser manipulado pela mídia golpista” (também não é mentira), no entanto escolho dizer que não quero que minha capacidade de raciocínio seja subestimada por nenhum pseudo jornalista ou quem quer que seja.

Uma atitude radical, muitos podem dizer. E concordo: é radical mesmo. Mas não sirvo para acatar a felicidade apenas no conta-gotas, é necessária toda a plenitude do sentimento ou nada. Assim também é quando sento na frente de uma TV: ou tudo ou nada. Se não recebo a informação completa da notícia veiculada também não pretendo me contentar com as migalhas que decidem oferecer.

Nesse sentido prefiro eu mesmo correr atrás da notícia através de outros meios de comunicação; é um trabalho quase braçal, afinal nem todo site na internet é confiável, contudo prefiro eu me enganar por um esforço pessoal do que ser enganado por terceiros. Ler e buscar, quase um trabalho de detetive. 

Uma pena que temos jornalistas tendenciosos e buscam sempre discursos falaciosos para ludibriarem a todos nós, e nesse caso não importa a escolaridade. Quando se fecha os olhos da razão diploma algum servirá de lupa. Ao contrário, poderá até ser um escudo que tapa a visão de um horizonte mais amplo; ora, a “elite intelectual” brasileira é muito exótica. 

Lembrando que para mim “exótico” é o primo arrumado do “esquisito”. Enquanto o Brasil tem realmente problemas sérios e profundos, no jornal as páginas de maior destaque são destinadas a desclassificação da seleção de futebol (não desprezando aqui o esporte que gosto muito); enquanto o feijão extrapola o preço e ninguém dá uma explicação plausível. O foco está na cirurgia plástica de uma subcelebridade ou outra qualquer. Eu diria até que essa é o tipo de atitude mesquinha que temos acostumado a ver e, de tão comum, já não nos dá mais a sensibilidade de ficarmos chocados com isso.

E o pior de tudo é que o “pato” será pago pela população brasileira que honestamente paga os impostos. Já dizia Boris Casoy: “isto é uma vergonha”; a calamidade cada vez mais chegando ao seu apogeu e as anestesias cada vez mais fortes e intensas.

Cada vez mais novelas bíblicas, remakes, repetições de histórias ou filmes, para enfiar na massa que basta uma historinha e um calmante que a vida é resolvida. Entendo a arte como fonte de vida; entendo a arte como um grito de alerta; percebo a arte como mola geradora de reflexão e não uma anestesia barata para os menos resistentes. Entretanto a resistência só é alcançada no exercício. O músculo só cresce quando é colocado à prova, quando é forçado, quando é exaurido. Ser intelectual dói; mas é uma dor que vale a pena. O que seria do mundo se não fossem as dores para nos alertar que há algo de errado, portanto precisa ser resolvido.

Todavia, na sociedade em que temos sido forçados a entender que a dor é algo ruim e deve ser anulada é mais fácil e rápido buscar os atalhos. Encontrar um culpado para as nossas dores e assim nos isentar de culpa para assim cruzar os braços, fechar os olhos e imaginar em um mundo fantasioso diante da televisão.

Em resumo: isto é a época do veja. Veja apenas isso que eu quero. Veja somente o que convém. Apenas oro por você que lê a Veja e pensa que está bem informado.


Júnior Santiago
(Camocinense, Graduado em filosofia chancelado pela UFG e atualmente faz teologia na PUC Minas Gerais. Congregação São Pedro Ad Víncula)