
O POVO ouviu os economistas Ricardo Coimbra, Ricardo Eleutério, Vitor Leitão, Ênio Area Leão e Érico Veras Marques para saber como estas mudanças podem influenciar a vida - e o bolso - do cidadão.
A reforma da previdência, incluindo o aumento da idade mínima para aposentadoria; o enxugamento da máquina pública e a desvinculação de Receitas da União (DRU) hoje consideradas obrigatórias, como saúde e educação, estão entre as propostas para reduzir o déficit público.
A ampliação das Parcerias Público-Privadas (PPP’s), a flexibilização das leis trabalhistas e uma abertura comercial maior também vem sendo sinalizadas como estratégias para estimular a retomada da confiança.
Se confirmadas - e feitas de forma acertada -, estas medidas podem fazer com que os investimentos no País voltem a ocorrer. O que no médio e longo prazo pode se refletir na geração de empregos e no consumo.
Maior estabilidade econômica representa também um bom começo para recuperação do grau de investimento do Brasil no mercado de ações.
Por outro lado, alguns ajustes podem levar à redução de direitos e benefícios dos trabalhadores. E até a uma queda da qualidade do serviço público, se o Governo não conseguir ser eficiente em seus gastos.
O brasileiro também deve preparar o bolso: novos impostos devem vir por aí. O próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que, diante da necessidade de equilibrar as contas públicas, a retomada da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) não está descartada.
A revisão de subsídios a determinados setores econômicos também é dada como certa.
No entanto, garantir estas medidas ainda depende de muitas variáveis, como por exemplo, a própria permanência de Temer no cargo; a capacidade de articulação dele no Congresso; e o peso que as eleições municipais vão ter nestas discussões.
Para os especialistas, o tempo de ação do Governo será determinante para que as medidas surtam os efeitos desejados, sob pena de repetir erros passados.
Dólar
O mercado reagiu bem à nomeação da nova equipe econômica, mas o comportamento do dólar vai depender muito do desempenho da economia.
Se as medidas agradarem, dólar cai. Com isso, produtos importados e a viagem ao exterior, por exemplo, ficam mais baratos. Do contrário, dólar pode subir.
Entre os especialistas, a aposta é de que no curto prazo o dólar deve ficar entre R$ 3,40 e R$ 3,60.
Impostos
O aumento de impostos eleva a arrecadação e melhora a situação fiscal do País e dos Estados. Porém, mais impostos representam também mais dificuldades ao setor produtivo para se reerguer. O Brasil já tem hoje uma das mais altas cargas tributárias do mundo. Significa também que pode ocorrer elevação de preços ao consumidor e o pagamento de impostos mais altos pelos cidadãos.
Reformas
O corte de gastos na previdência melhora a situação fiscal do País e impulsiona a economia. Por outro lado, o trabalhador pode ser obrigado a se aposentar mais tarde e a ter benefícios reduzidos.
Já com a flexibilização das leis trabalhistas, as demissões podem ser reduzidas, mas trarão perdas de direitos e benefícios antes assegurados.
Receita
Se conseguir aprovar no Congresso a desvinculação de receitas, o governo Temer terá mais liberdade para administrar o orçamento e incentivar a economia.Hoje, em torno de 90% das receitas são vinculadas.
Porém, com menos verbas, áreas como educação e saúde podem ter piora na qualidade do serviço.
Juros
A taxa de juros básica da economia, Selic, é o principal instrumento usado pelo governo para conter a inflação. Pela própria recessão econômica e a queda do dólar, a previsão do Banco Central é que a Selic passe dos atuais 14,25% ao ano para 13% ao ano até o fim de 2016.
Se isso se confirmar, mais barato pode ficar o crédito e a demanda aumenta. Mas também é maior a pressão sobre a inflação.
PPPs
Se as concessões à iniciativa privada deslancharem, a expectativa é que o mercado continue vendo com otimismo o novo Governo. Melhora a atração de investidores, reduz os gastos públicos em infraestrutura, dá mais agilidade às obras e eficiência aos serviços. Porém, pode ocorrer aumento de preços e também de responsabilidade às agências reguladoras na fiscalização dos setores.
( O POVO)