MEMÓRIAS DE 2015 - Revista Camocim

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

MEMÓRIAS DE 2015

Por Júnior Santiago

Tenho escutado muitas pessoas dizerem que 2015 foi um ano ruim, cheio disso e daquilo e todas as outras máximas que se tornaram clichê: criticar o governo, culpar a crise, dizer que a corrupção não tem fim, etc. No entanto, como eu gosto sempre de olhar o lado bom da vida gostaria que meu último escrito do ano não fosse ser algo triste, afinal, iniciamos o ano de 2015 vendo na minissérie: “Felizes Pra Sempre?” a atriz Paola Oliveira arrancando elogios do lado masculino, por exibir em rede nacional seu lado mais fotogênico, então não pode ter sido um ano tão ruim assim.

Na realidade não sou muito bom em retrospectivas, tenho a típica mania de não ter tanta paciência, afinal são tantos assuntos que fica difícil manter o ânimo quando aparecem as coisas que nos deixam “invocados”. 

Invocado, eu fico quando tentam apagar minha memória; a mídia se encarrega disso sem muitos problemas, as redes sociais são craque nisso, nosso mundo cada vez mais rápido e intenso é mestre; desde a infância aprendi que a alma da vida está no cultivo de memórias. E rememorando nossa vida sabemos nossa avaliação pessoal de nossa melhora como seres humanos ou não.

Creio que a maior crise que possamos passar não é a crise econômica ou política e sim a crise como seres humanos; é essa crise que desencadeia todas as outras. Lembro agora de uma história que penso ser a melhor mensagem para o ano de 2016.

Era uma vez um mosteiro e já fazia algum tempo que esse mosteiro passava por dificuldades financeiras, sendo assim os discípulos foram falar com o Mestre para encontrarem uma solução, ao conversarem com o mestre ficaram muito surpresos com a resposta do Mestre, ele disse: - Vão à cidade mais próxima e roubem tudo aquilo que puderem, porém não deixem que ninguém os veja. Todos ficaram muito surpresos com essa resposta, mas como era uma ordem do mestre todos obedeceram. Contudo, um dos discípulos não saiu de casa. Estranhando aquela atitude o mestre foi e perguntou: - Por que você não saiu como os outros para roubar a cidade? Ele responde ao mestre o seguinte: - O senhor disse para roubarmos e ninguém poderia ver, entretanto eu estaria me vendo e como eu não sou ninguém. Por isso foi que eu não saí de casa como os outros. O mestre sorriu e disse: - Entendeste por completo as palavras que falei.

Acredito que a partir do momento que tivermos a consciência desse discípulo a nossa vida será mais digna; nosso país será menos desigual, terá menos crises.

A partir do dia em que deixarmos de ser honestos pela metade e sim por completo seremos seres humanos mais próximos da nossa essência como pessoas viventes e responsáveis por nossa realidade seja em maior ou menor escala. Deixaremos de procurar “bodes expiatórios” para por as culpas dos problemas que aparecem em nossas vidas.

Não à toa iniciei esse escrito com a minissérie: “Felizes Pra Sempre?”. O título é uma pergunta e questiona o que é a felicidade eterna, indica uma dúvida se a felicidade é para sempre ou não. A história se passa em Brasília (local dos maiores escândalos em nosso país). No desenrolar dos fatos, os personagens percebem que tinham nas mãos falsas vidas felizes; justamente porque suas consciências estavam olhando para uma fachada pintada para suprir o instinto daquele que vê. 

Talvez a maior profecia feita no início de 2015 tenha sido a dessa minissérie. Enfim, apenas desejo um feliz 2016 para todos nós. E que possamos ser algum dia esse discípulo da pequena fábula. 

Júnior Santiago é camocinense, graduado em filosofia chancelado pela UFG e atualmente faz teologia na PUC Minas Gerais. Congregação São Pedro Ad Víncula