PARTIU: MISSÃO NO MARANHÃO - Revista Camocim

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

PARTIU: MISSÃO NO MARANHÃO

A Igreja Católica chama o mês de Outubro como: Mês das Missões. Sendo assim, partindo dessa premissa, os três noviços da congregação São Pedro Ad’ Vincula receberam a oportunidade de serem missionários em locais distantes do Brasil. Um foi para uma aldeia indígena no interior do Pará, na localidade de Jacareacanga; outro foi para a cidade de Seabra, que fica na Bahia ficando em uma comunidade de quilombolas; eu parti rumo ao estado do Maranhão, na cidade de Alto Alegre do Pindaré.

Para se chegar na cidade que fui designado, são necessárias mais de trinta horas de ônibus de Goiânia (onde moro atualmente) até a cidade de Santa Inês (Maranhão); estando em Santa Inês ainda foi preciso viajar mais duas horas em um pau de arara. 

Foram quinze dias onde tive a chance de estar junto de comunidades rurais. Em mais de uma dessas comunidades rurais não há saneamento básico. As necessidades fisiológicas são feitas do modo mais rudimentar possível. O calor de quase quarenta graus é constante. A economia de água é uma realidade aprendida desde a infância. Não existe sinal de celular, muito menos sinal de internet.

Ao me deparar com essa realidade fiquei chocado. E credito que o choque aconteceu porque de um dia para o outro precisei sair de onde estava e partir para uma situação oposta à minha. Como ficar sem sinal de celular? 

Não havia muito tempo para adaptação; ao contrário, era importante agir o quanto antes, dentro das forças que se tinha e dentro da proposta que foi colocada: viver a missão de cristão. Missão de alguém que propôs para si mesmo ecoar os ideais de Cristo onde quer que fosse enviado. Era chegado o momento de encarar o desafio de frente e simplesmente pedir para Deus que toda a teoria estudada nos livros finalmente fosse vivida. 

E muito mais do que teorias ou tratados teológicos Deus pedia a minha presença integral no lugar que fui designado. Como noviço não tem como ficar tanto tempo longe dos meus superiores ou das funções que o noviciado dos fissionianos coloca; e justamente por isso é que foi uma “missão intensiva e intensa”. Sem tempo para perder.

E hoje, depois de passados esses dias em Alto Alegre do Pindaré; posso conferir que essa experiência me enriquece como ser humano, como cristão, como católico. Se não tinha tempo para perder percebo que ganhei desde o momento que cheguei ao Maranhão. 

Ganhei a chance de olhar para pessoas. Ganhei a chance de ficar dias sem celular e perceber que vivi até o ano de 2008 sem um aparelho desses. Ganhei a chance de conhecer pessoas, vidas, histórias. Hoje, mostro que fui eu que aprendi muito mais do que ensinei. 

Hoje ao conferir minhas memórias sobre esse assunto me vejo como: Um pombo que pousou num galho e refletiu sobre a existência da vida e da fé.

Júnior Santiago