Por Júnior Santiago
Dia sete de setembro todos comemoramos o feriado de independência do Brasil; afinal, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, o então Imperador do nosso país, Dom Pedro I, sobre seu cavalo levanta sua espada e grita: Independência ou Morte. Lindo e poético, inclusive é a primeira frase do hino nacional.
No entanto, a história oficial ao mesmo tempo em que faz as coisas tão imponentes escondem algumas linhas. Por exemplo, uma vez me perguntei: Se naquela época (1822) a capital do Brasil era o Rio de Janeiro e D. Pedro morava em Petrópolis, por que é que ele “proclamou” a independência do Brasil no rio Ipiranga que fica em São Paulo? O que é que ele foi fazer lá?
Isso nunca era falado; apenas o fato da independência era mostrado. Algo tão vago. Só em 2002 é que minha dúvida foi sanada. A minissérie da TV Globo: O Quinto dos Infernos respondeu. Na verdade Don Pedro I tinha ido visitar sua amante, Domitila de Castro (ou Marquesa de Santos) e no meio do caminho ele precisou parar e na parada recebe a notícia que Portugal estaria cobrando mais impostos do que a colônia brasileira era capaz de pagar.
Desse modo é que ele decide que o Brasil deixaria de ser colônia portuguesa. Ou seja, de Portugal estaria independente. O que não significa que não ficaria dependente de outros países. E foi isso o que aconteceu, até onde sei o Imperador do mais novo país independente do mundo pega emprestado com a coroa inglesa cerca de duzentas mil libras esterlinas e ao mesmo tempo em que a independência começa para os brasileiros também começa a dívida externa.
Os anos passam e com eles a dívida do Brasil muda de mãos, os credores agora são os americanos. Um acordo entre Estados Unidos e Inglaterra fez com que a dívida brasileira agora fosse com os americanos.
Em suma, de que adianta ser independente de Portugal se ao mesmo tempo há a dependência de outro país bem mais cruel do que nossos “irmãos” lusitanos? Mais do que independência eu preferia que tivéssemos autonomia. Aí sim, ficaria satisfeito. Autonomia é bem mais difícil de conquistar e exigente depois que se tem, contudo seus ganhos em longo prazo valem muito mais a pena.
Só o fato de não ter “o rabo preso” já é uma conquista enorme. E isso em nosso país, é algo louvável. Portanto, quero um dia poder comemorar não apenas a independência do Brasil, mas também a autonomia brasileira!
Júnior Santiago é camocinense, graduado em filosofia chancelado pela UFG e atualmente faz teologia na PUC Minas Gerais. Congregação São Pedro Ad Víncula.

