Esse plano tenta responder às turbulências que se abaterão sobre Dilma até o próximo domingo, quando estão convocadas novas manifestações contra a presidente. Antes disso, porém, há muitas pedras no caminho da petista. Entre as principais, a possibilidade de que o Tribunal de Contas da União (TCU) reprove as contas do governo de 2014, em análise no órgão.
Outro fator com potencial para provocar abalos em Brasília é a reforma ministerial. Caso saia mesmo do papel - ministros negam que Dilma esteja disposta a levá-la adiante -, a alteração no quadro da Esplanada dos Ministérios pode resultar em mais dor de cabeça para a presidente, que terá de ejetar ex-aliados do comando de pastas para acomodar outros.
A necessidade de sair das cordas é urgente. De segunda a sexta da semana passada, o governo foi bombardeado por más notícias: prisão do ex-ministro José Dirceu, aprovação de mais gastos pela Câmara, nova queda de popularidade, instalação da CPI do BNDES, dólar rompendo a barreira dos R$ 3,50 e um rumoroso burburinho sobre a possibilidade de renúncia da presidente. O encontro de ontem foi uma tentativa de aplicar torniquete na sangria de aliados e na sucessão de derrotas na Câmara.
Feita habitualmente às segundas-feiras, a reunião da cúpula política do governo federal foi antecipada para a noite de domingo, Dia dos Pais, a fim de reorganizar a tropa antes da viagem de Dilma Rousseff (PT) para o Maranhão, onde participa de entrega de unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
Prestes a atravessar uma das semanas mais decisivas de seu segundo mandato, a presidente encontrou-se com 13 ministros, além do vice Michel Temer e dos líderes do governo na Câmara e no Senado. A conversa, que durou cerca de três horas e foi realizada no Palácio da Alvorada, tentou estabelecer um plano que possa dar sobreviva ao governo em meio à pior crise do PT à frente do Planalto.
Base esfacelada
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), minimizou ontem seu poder de influência sobre as votações da Casa - responsável por seguidas derrotas do governo, e afirmou estar ciente do impacto de “sinais equivocados” dos deputados na economia do país.
Em sua conta no Twitter, o peemedebista ainda alfinetou o Palácio do Planalto ao afirmar que não cabe a ele “constituir a maioria que o governo não tem para vencer votações”. Para Cunha, a “verdade nua e crua” é que não existe uma base de congressistas aliados aos interesses do Executivo. “Presidente da Câmara não é o dono da Câmara e nem do voto dos deputados”, escreveu.
O Povo