
É imperativo dizer que em nossos tempos estamos vivendo dentro de um mundo bastante plural e cada vez mais cheio de distinções, nuances possibilidades, saídas ou válvulas de escape. A nossa subjetividade precisa ter cada vez mais postura de não querer seguir o que é exterior a nós, mas sim colocar em uso a sua autonomia e assumir isso em nossas vidas essa é sem dúvida uma chance a mais para ser tornar humanizado. Humanização essa que Jesus Cristo sempre buscou realizar em nossas vidas com suas parábolas, ensinamentos e principalmente seu exemplo de Messias.
Nosso mundo cada vez mais nos “impõe” objetos de desejo a serem adquiridos e consumidos. Para dar desse modo a falsa sensação de felicidade ao comprá-los. Gerando assim seu fascínio e por conseqüência a competição para tê-los. A atração por aquilo que é produzindo muitas vezes coloca o ser humano à margem da vida. Acredito que estamos vivenciando um processo de secularização, onde os valores religiosos e espirituais difundidos e vivenciados por Cristo têm ficado cada vez mais na periferia da situação cotidiana.
Fica claro para olhos mais observadores que muitos jovens não buscam mais razões em se viver de maneira autônoma e plena, já que estão na frente de padrões vigentes e manipuladores, e se viver de modo a serem plenos e realizados em uma maneira sincera e honesta é considerado algo fora do “normal”; não se está priorizando na vida valores altruístas, desse modo perde-se o rumo, perde-se o foco, perde-se a razão de continuar a andar pra frente. Uma grande parcela da humanidade está sem horizonte. Há forte crise afetiva e espiritual, é percebido um pensar vinculado diretamente ao prazer instantâneo, na eficácia a curto-prazo. Ter, fazer e produzir prazer tem sido a tônica da sociedade da eficácia em termos quantitativos e o que é considerado contrário a isso acaba sendo banido do cotidiano por ser chamado de “inapropriado”, portanto, não serve porque não atende a demanda de hoje.
E atualmente desse modo vê-se uma sexualidade desintegrada. No sexo onde deveria haver a reciprocidade, perdeu-se o encanto; afinal o dar-se a conhecer é uma fonte de complementaridade, alteridade física, emocional e espiritual, o amor e o compromisso. Não se tem visto algo assim nas grandes situações expostas pela massa de nossa sociedade contemporânea. Hoje impera uma crise na ética e na moral. O desprezo por tudo que é cristão. Sexo por dinheiro, o prazer pelo prazer e sem compromisso, hedonismo. Uma mudança de paradigmas que preocupa àquelas pessoas que carregam em si o compromisso de propagar o reino de Jesus aqui na Terra.
Posso crer que a falta de compromisso com a qualidade de vida a transforma em uma vida desequilibrada; classes mais privilegiadas que outras é o primeiro indício desse desequilíbrio. Uns poucos com vida aparentemente plena e a maioria sem o necessário para sua sobrevivência digna, isso é uma agressão à vida. E tudo isso é um grande desafio aos cristãos que decidem viver de modo sincero o seguimento de Cristo. Pessoas que decidem abraçar a vida consagrada necessitam de uma ligação com a práxis que leva à responsabilidade da presença humana no mundo. Nosso papel de religiosos é o de viabilizar a integração do projeto de Deus com a nossa humanidade e com o mundo, afinal somos seres que fazem parte da transformação do mundo e da sociedade local.
Sem esse cuidado corre-se o risco de ter comportamentos que nos deixam vazios sabemos que é preciso buscar aquilo que é novo e eficaz para a vida prática, mas sempre com responsabilidade, clareza e sustentação para acompanhar bem o ser humano em seus novos desafios. Tornando aquilo que é novidade um meio para alcançar uma vida dentro do seguimento de Jesus Cristo de modo cada vez mais inteiro. Fazendo nessa caminhada um alicerce maduro e com o mínimo de fragmentações possíveis na construção desse reino dentro da realidade concreta e não fazendo disso um sonho utópico.
É necessário crer nos valores perenes da vida humana; tais como: respeito, dignidade, misericórdia, honestidade, lealdade e coragem para assumir até o fim o preço de ter escolhido o projeto de Jesus Cristo como meta de vida. Isso implica em ser fiel aos propósitos ensinados por Ele. Que estes valores continuem sendo buscados, cultivados, agregados e propagados. Resgatar para ajudar na busca de um novo mundo e por conseqüência um novo modo de humanizar-se sem perder o essencial da vida cristã pessoal e coletiva.
Júnior Santiago
Camocinense, Graduado em filosofia chancelado pela UFG e atualmente faz teologia na PUC Minas Gerais. Congregação São Pedro Ad Víncula