EM ENCÍCLICA, PAPA PEDE QUE PROGRESSO TENHA NOVA DEFINIÇÃO - Revista Camocim

sexta-feira, 19 de junho de 2015

EM ENCÍCLICA, PAPA PEDE QUE PROGRESSO TENHA NOVA DEFINIÇÃO

Após ter seu rascunho vazado por um jornalista, a encíclica do papa Francisco sobre questões ambientais foi publicada oficialmente ontem pelo Vaticano. No documento, o papa diz ser preciso buscar uma “nova definição de progresso”, que não se baseie apenas no desenvolvimento tecnológico e econômico.

Batizada de “Laudato Sí (Louvado Sejas, em italiano medieval) - sobre o cuidado da casa comum”, a carta pede que os países ricos aceitem “um certo decréscimo” em seu consumo a fim de frear o impacto humano sobre o ambiente.

O papa afirma no texto que as mudanças climáticas são “um dos principais desafios para a humanidade”, sendo agravadas pelo “desflorestamento para finalidade agrícola” e “pelo modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis”.

No capítulo “Perda de Biodiversidade”, o papa menciona como “pulmões do planeta, repletos de biodiversidade”, a Amazônia e a bacia fluvial do Congo, na África.

“Quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos”, afirma.


Ainda em referência a esses ambientes, o papa escreve que “não é possível ignorar também os enormes interesses econômicos internacionais que, a pretexto de cuidar deles (os ambientes), podem atentar contra as soberanias nacionais”.

Reproduzindo trecho do “Documento de Aparecida”, produzido na cidade paulista na 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em 2007, Francisco diz que há “propostas de internacionalização da Amazônia que só servem aos interesses econômicos das corporações internacionais”.

No mesmo trecho, louva a ação de entidades internacionais e da sociedade civil que sensibilizam as populações e colaboram “inclusive utilizando legítimos mecanismos de pressão” para que os países não se vendam “a espúrios interesses locais ou internacionais”.

O papa aponta também para as desigualdades entre ricos e pobres, dizendo que enquanto “alguns se arrastam numa miséria degradante”, outros “deixam atrás de si um nível (impraticável) de desperdício, como se tivessem nascido com mais direitos”.

Para combater esse problema, o pontífice diz que é hora de “aceitar um certo decréscimo do consumo em algumas partes do mundo”.

O POVO