
Batizada de “Laudato Sí (Louvado Sejas, em italiano medieval) - sobre o cuidado da casa comum”, a carta pede que os países ricos aceitem “um certo decréscimo” em seu consumo a fim de frear o impacto humano sobre o ambiente.
O papa afirma no texto que as mudanças climáticas são “um dos principais desafios para a humanidade”, sendo agravadas pelo “desflorestamento para finalidade agrícola” e “pelo modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis”.
No capítulo “Perda de Biodiversidade”, o papa menciona como “pulmões do planeta, repletos de biodiversidade”, a Amazônia e a bacia fluvial do Congo, na África.
“Quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos”, afirma.
Ainda em referência a esses ambientes, o papa escreve que “não é possível ignorar também os enormes interesses econômicos internacionais que, a pretexto de cuidar deles (os ambientes), podem atentar contra as soberanias nacionais”.
Reproduzindo trecho do “Documento de Aparecida”, produzido na cidade paulista na 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em 2007, Francisco diz que há “propostas de internacionalização da Amazônia que só servem aos interesses econômicos das corporações internacionais”.
No mesmo trecho, louva a ação de entidades internacionais e da sociedade civil que sensibilizam as populações e colaboram “inclusive utilizando legítimos mecanismos de pressão” para que os países não se vendam “a espúrios interesses locais ou internacionais”.
O papa aponta também para as desigualdades entre ricos e pobres, dizendo que enquanto “alguns se arrastam numa miséria degradante”, outros “deixam atrás de si um nível (impraticável) de desperdício, como se tivessem nascido com mais direitos”.
Para combater esse problema, o pontífice diz que é hora de “aceitar um certo decréscimo do consumo em algumas partes do mundo”.
O POVO