Camargo Corrêa, Dalton Avancini, reconheceu em interrogatório na Justiça Federal no Paraná ontem que havia um cartel de empreiteiras nas obras da Petrobras. “Realmente havia combinação das empresas e eu participei das negociações”, disse, citando o caso do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio).
Segundo ele, nas reuniões ficou decidido que a Camargo só receberia contratos menores no Comperj porque a empreiteira já havia fechado um negócio de R$ 3,4 bilhões com a Petrobras na Refinaria Abreu e Lima.
O executivo disse que participavam dessas reuniões em que a divisão de obras era discutida a Odebrechet, UTC, OAS, Andrade Gutierrez, Techint, Promon, Queiroz Galvão e Toyo.
Avancini afirmou que os líderes dessas discussões eram Márcio Faria, da Odebrecht, e Ricardo Pessoa, da UTC. Ainda segundo ele, todas as empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras pagavam suborno que beneficiavam o PT e PP, partidos que, segundo ele, indicaram as diretorias de Serviços e Abastecimento da estatal, respectivamente. “Todas elas pagavam [propina]. A informação que tínhamos era que isso era regra”, afirmou.
A Camargo admitiu ter pago R$ 110 milhões em comissões para conseguir os contratos das refinarias Abreu e Lima, Repar, no Paraná, e Revap, em São Paulo. A propina era de 1% do valor do contrato, segundo ele.
Beneficiários
O ex-diretor de Serviços Renato Duque, que está preso em Curitiba, e Paulo Roberto Costa, que ocupava a área de Abastecimento e foi solto após fechar um acordo de delação, eram os beneficiários dos repasses ilícitos, ainda segundo o presidente da Camargo.
Avancini e Leite fizeram um acordo de delação com procuradores da Operação Lava Jato e prometeram contar o que sabe em troca de uma pena menor.
De acordo com Leite, a empresa pagava propina a estatal poderia criar dificuldades na gestão do contrato. Os acionistas e o conselho de administração da empresa não sabiam do pagamento de propina, afirmou Leite.
A Camargo não quis comentar as declarações de seus executivos. A Odebrecht disse que nunca participou de cartel ou pagou propinas e apontou que a declaração do presidente da Camargo é “vingança concorrencial”.
O PT nega o recebimento de propinas e afirma que todas as doações são legais. As outras empresas não comentaram até as 20h desta segunda. (das agências de notícias).
O POVO