"Precisamos lavar os pés dos que sofrem discriminação e preconceitos", disse o padre
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Foto/Olivando |
Na missa solene em que a Igreja Católica celebra a última ceia de Jesus com seus discípulos, momento em que Jesus também lavou os pés dos mesmos, o pároco de Camocim, padre Francisco Evaldo, surpreendeu os fieis que lotavam a Igreja Matriz, ao lavar os pés de um homossexual durante o ato litúrgico.
"Não estamos fazendo teatro" disse o padre, "se quisermos seguir os ensinamentos de Jesus temos que lavar os pés das pessoas que sofrem a discriminação e o preconceito da sociedade", ponderou o sacerdote, visivelmente emocionado, mas que foi aplaudido pela Assembleia.
"A missão dos cristãos é seguir os ensinamentos de Jesus servindo principalmente aos mais necessitados da sociedade, e não apenas dentro da Igreja", pontuou o Padre durante sua homilia.
Padre Evaldo lembrou ainda da Campanha da Fraternidade deste ano, que traz como tema "Eu vim para servir" e o lema "Igreja e sociedade", um forte apelo para que os cristãos e a Igreja não se fechem para o dialogo como a sociedade e seus problemas, mas que interajam colocando em prática os ensinamentos de Jesus, ajudando a construir um mundo melhor para todos.
Em tempo
Glauco é o nome do cidadão que teve os pés lavado pelo Pároco durante a missa. Ele é morador do Bairro Brasilia, participante das missas dominicais e devoto de Nossa Senhora.
Glauco é o nome do cidadão que teve os pés lavado pelo Pároco durante a missa. Ele é morador do Bairro Brasilia, participante das missas dominicais e devoto de Nossa Senhora.
O gesto do Padre foi profético e deverá ser polêmico. Tem que ser, pois o diálogo da Igreja com a complexa sociedade não é algo fácil e implica, acima de tudo, em questionar sua própria estrutura conservadora e seus aspectos fundamentalistas., pois, doutra forma, a Igreja permanecerá fechada em guetos, transformando a mensagem do evangelho em entretenimento religioso.
A atitude inesperada do padre Evaldo, durante a Missa, deve provocar o questionamento em muitos cristãos católicos, principalmente nos que diariamente frequentam as missas e cumprem sagradamente certos preceitos, mas que fora do templo, no convívio social, adotam práticas homofóbicas e ações condenatórias, capaz de desconfigurar a identidade do discípulo servidor e macular a dignidade do ser humano.
Parabéns padre Evaldo, pelo gesto corajoso e acolhedor.
Carlos Jardel