A Igreja vem assistindo a um novo fenômeno - como proceder quando casais homoafetivos solicitam o batismo para filhos biológicos ou concedidos por adoção? Com vistas a essa indagação, o vigário geral da Diocese de Osma-Soria (região no centro-norte da Espanha), Gabriel-Ángel Rodríguez Millán, publicou um guia de orientações jurídicas e pastorais sobre o assunto e enviou às paróquias locais. "O pequeno deve ser acolhido com a mesma atenção, ternura e solicitude que recebem as outras crianças”, esclarece o pároco.
Dividida em três partes, a primeira seção do guia se dedica a lembrar a doutrina da Igreja sobre o sacramento. A segunda parte foca na normativa canônica do batismo e a terceira, intitulada "tacto pastoral”, aborda as questões que devem ser evitadas pelos párocos ao tratar o tema. De acordo com o padre Gabriel-Ángel, a normativa diocesana não pretende julgar a consciência dos parceiros homossexuais, embora a conduta moral envolvida seja considerada contraditória aos ensinamentos da Igreja.
Para o representante do Coletivo de Cristãos Gays (Espanha), Aurelio Lepe, a conduta da Igreja indica passos de abertura, mas "o saudável é pleno de igualdade”. Lepe reivindica que os parceiros se vejam abençoados por igual, sejam ou não heterossexuais, que o batismo ou a comunhão sejam administrados sem diferenças, que não haja exclusões.
O trabalho do Coletivo tem sido pela igualdade em todos os âmbitos. "Com o Evangelho de liberdade e amor não há contradição alguma: Para Jesus, não há grego nem judeu. Nós decidimos que não há distinção entre homossexual e heterossexual. Isso é o que defendemos.”, afirma Lepe. A recente audiência do Papa Francisco com um transexual espanhol é vista pelo movimento como uma atitude aberta ao diálogo, mas há muito ainda a ser feito, inclusive com relação às mulheres.
Em carta pastoral dedicada a família, a Diocese de Osma-Soria destaca que a família é uma realidade valiosa em todos os tempos e a estrutura mais sensível às mudanças culturais e à nova forma de ser do homem atual. Essa nova forma de agir desse homem, segunda a diocese, trouxe uma série de consequências negativas para a família: falso conceito de liberdade, excessiva independência econômica dos cônjuges, ambiguidade acerca da autoridade entre pai e mãe, a dificuldade de transmitir valores humanos e cristãos, a "praga” do divórcio e do aborto, modelos diferentes de relação que nada teriam a ver com família. Tudo isso é considerado pela Igreja como um "verdadeiro projeto sociocultural contra a família”.
Cristina Fontenele
Estudante de Jornalismo pela Faculdades Cearenses (FAC), publicitária e Especialista em Gestão de Marketing pela Fundação Dom Cabral (FDC/MG). E-mail :cristina@adital.com.br / crisfonte@hotmail.com