
Professores são como oleiros ou escultores que esculpem com extrema sutileza e habilidade a beleza escondida por detrás das aparências ou da pedra tosca. Com suas palavras e, sobretudo, com seu olhar atento e sagaz, ele adentra a realidade complexa de cada ser humano, questionando paradigmas, alicerces mal feitos e percepções para despertar o que há de mais nobre na existência humana, a capacidade de amar e de servir. A construção de uma sociedade nova, mais justa e igualitária, passa necessariamente por essa edificação corajosa e mais humana da vida.
Partilhando um pouco de minha experiência docente...
Lecionei Educação Religiosa durante 15 anos no Instituto São José, uma escola particular localizada em minha cidade natal, Camocim/CE. Lá tive a sorte de vislumbrar essa concepção genuína da educação. Em cada atividade religiosa minuciosamente planejada pelo Serviço de Orientação Religiosa, departamento que ainda hoje dinamiza a vida religiosa da escola, podia-se adentrar essa transcendência profundamente franciscano-cristã, marca registrada da instituição que sempre foi conduzida pela Congregação das Irmãs Missionárias Capuchinhas. O zelo e o cuidado em cada detalhe davam aos ambientes da escola um ar diferente, mistagógico, mais pleno de significado e cheio de vida. Lembro-me com saudades de nossas partilhas, reuniões bem-humoradas, da sensação de missão cumprida quando eu dava uma ótima aula e das frustrações que experimentava quando não conseguia transpor as barreiras que existiam entre professor e aluno. Tudo valeu a pena!
Em tempos difíceis como estes, de profunda crise civilizacional, as escolas religiosas tornam-se espaços vitais para a sobrevivência da sociedade. A insustentável vida moderna nos consome, nos mecaniza, nos faz inverter os valores morais. Podemos ver nas grandes metrópoles homens e mulheres perdidos num labirinto interminável de prédios, ruas e automóveis, olhares hostis, passos rápidos e atropelados, controlados pelo tempo e pela lógica do mercado. O que fizeram de nós? Máquinas velozes de aparência humana, desprovidas de emoção e sensibilidade, distantes do grande sonho do Criador que nos criou a sua imagem e semelhança. Nascemos para o amor e para amar sem medida, por isso somos reflexos de Deus.
Nessa conjuntura problemática, surge a figura do educador/a, como aquele que faz a diferença, apesar de tantos obstáculos e desafios, nos ajudando a ver o mundo de outra forma, com um olhar carregado de poesia e ternura.
Parabéns, professor/a!
César Augusto Rocha