Por Redação -Equipe50
A candidata do PSOL à Presidência
da República, Luciana Genro, foi entrevistada na manhã desta terça-feira (2)
pelo Jornal da CBN, nos estúdios em São Paulo. Quando questionada se tanto ela
quanto o PSOL não deveriam tornar o discurso mais moderado e dar uma guinada ao
centro, como fez o PT para se tornar mais viável e chegar ao poder, Luciana foi
direta. “Se nós quiséssemos reproduzir as mesmas práticas que o PT, não
teríamos saído do PT. Se eu quisesse, teria ficado por lá e teria uma
‘carreira’ garantida, mas eu não quero chegar ao poder abrindo mão das minhas
lutas, porque daí eu seria apenas mais uma lá.” Segundo a presidenciável do
PSOL, pode ser que neste momento ainda não seja possível ser eleita, mas
reafirmou que o modelo que defende é viável. “A consciência do povo e o
desenvolvimento da correlação de forças entre as classes torna possível uma
mudança estrutural no país. Eu acredito que nada deve parecer impossível de
mudar. As mudanças são necessárias, e quando elas correspondem a uma necessidade
do povo, em algum momento irão se transformar em realidade”, concluiu Luciana.
Sobre o fato de estar atrás nas
pesquisas, a candidata gaúcha responsabiliza as injustas ‘regras do jogo’. “O
discurso do PSOL é um discurso dissonante do discurso hegemônico da grande
mídia e dos partidos que defendem o sistema como está. Nós não temos o mesmo
espaço que têm os que fazem o discurso hegemônico. Temos 51 segundos na TV,
enquanto Dilma tem 11 minutos. O PSOL tem um orçamento de campanha de R$ 900
mil, e nem sei se vou conseguir arrecadar tudo isso, enquanto os demais têm
orçamentos na casa dos bilhões. Essas regras do jogo reproduzem o status quo”,
disse Luciana. O estatuto do PSOL proíbe financiamento de bancos, empreiteiras
e multinacionais.
Segundo Luciana Genro, o fato de
não ter uma pontuação elevada nas pesquisas não significa que uma grande parte
do povo não apoie suas ideias. “Muitos que nos escutam concordam e nos apoiam,
mas pensam, pelas pesquisas, que nós não temos chances de ganhar e que votando
na gente vão ‘jogar o voto fora’. As pesquisas eleitorais induzem ao voto.
Tanto é que alguns países, mais democráticos, proíbem pesquisas até 15 dias
antes das eleições”, pontua. A candidata ainda chamou os eleitores a votarem no
primeiro turno de acordo com seus ideais. “As pessoa têm condições de votar na
melhor candidatura no primeiro turno, daí no segundo turno escolhem o menos
pior. Jogar o voto fora é votar num candidato que pode ganhar e que vai te
decepcionar”, disse Luciana se referindo ao chamado ‘voto útil’.
Para tornar as próximas eleições
mais democráticas, Luciana defende urgentemente uma reforma no sistema
eleitoral. A candidata, inclusive, chamou a atenção para o plebiscito pela
reforma política, que está ocorrendo em todo o país até o próximo dia 7.
“Defendemos o fim do financiamento privado das campanhas, pois sabemos que quem
paga a banda é quem muitas vezes escolhe a música. Os grandes grupos econômicos
não dão dinheiro de graça. Além disso, a nossa proposta prevê que o tempo de TV
só contabilize o tempo do cabeça de chapa e não de toda a coligação. Isso
diminuiria a desigualdade na disputa e eliminaria esses partidos nanicos
morais, que não têm ideologia, e que acabam se vendendo na época das eleições”,
afirmou Luciana.
Economia
O jornalista Milton Jung quis
saber o que Luciana faria com respeito à crise nas montadoras, que estão
cortando salários e suspendendo os contratos dos trabalhadores. “Minha medida
imediata seria chamar a responsabilidade das montadoras, que ganharam
incentivos fiscais durante muitos anos e lucraram demais, e na medida em que a
lei me permita, irei impedir que as montadoras de automóveis demitam seus
trabalhadores. O Brasil tem sido o país onde essas empresas mais lucram. Elas
não conseguem ter, nas suas filiais americanas, o mesmo lucro. Meu papel como
governante não vai ser defender os interesses do capital, vai ser defender os
interesses dos trabalhadores. O capitalista sempre quer tirar o máximo do
trabalhador. Ele sobrevive extraindo a mais-valia do trabalhador. Sou contra
esse sistema. Meu partido não é socialista só no nome. Temos que enfrentar
esses interesses”, afirmou a candidata.
Site: Luciana Genro