Estamos vivendo mais um período de campanha eleitoral nos
grandes e pequenos centros urbanos desse imenso Brasil. Tempo forte de mudanças
necessárias ou de conservação das velhas estruturas. Proliferam-se as
propagandas nos carros volantes, “out-doors”, nos panfletos e na mídia
televisiva, alardeando pelas ruas e meios de comunicação antigas promessas e
discursos sedutores, com o intuito de convencer os corações mais endurecidos e
desesperançados pelas frustrações de ontem e de hoje. É difícil fazer
prognósticos otimistas diante das cenas que presenciamos em tempos como esse.
Infelizmente, nosso povo, salvo exceções, apesar dos sinais
claros e dos desmandos cotidianos, ainda padece de alguns vícios e desvios de
conduta que perduram por séculos em nossa cultura brasileira, uma perigosa
“letargia” no que se refere ao exercício da cidadania. Sofremos com a
corrupção, mas votamos nos mesmos corruptos; criticamos a péssima administração
de nossos gestores municipais, estaduais e federais, mas, por incrível que
pareça, escolhemos os mesmos facínoras para conduzir os rumos da nação. Seria
engraçado, se não fosse trágico!
O pipocar de fogos rompendo o silêncio da noite, anunciam
que o espetáculo ignominioso vai começar. Carro de som, palanque, iluminação
grandiosa, locutor a postos, tudo pronto para mais uma página obscura de nossa
história. Vozes eufóricas, previamente ensaiadas, ecoam nos quatro cantos da
cidade! Uma verdadeira enxurrada de projetos, obras e feitos prodigiosos são
despejados diante de uma plateia atenta, pronta para aplaudir calorosamente,
mesmo que já tenha ouvido as mesmas palavras há alguns anos atrás. Na
realidade, já dizem os mais experientes no assunto, o que é determinante numa
eleição, não são os discursos ou os projetos, mas o valor monetário que é
investido para comprar eleitores. Milhões e milhões podem mudar pesquisas e
resultados num piscar de olhos! A frase: "OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS"
de Maquiavel, nunca foi tão bem empregada!! E a virtuosa democracia, pobre
indigente, que já não existe há muito tempo por essas paragens, vai agonizando
e dando lugar a uma escalada vertiginosa da safadeza institucionalizada.
Particularmente, acredito nessa arma poderosa que temos
chamada “voto”, mas há um bom tempo deixei de acreditar no atual sistema
político brasileiro. Perdoem-me os bem-intencionados que entram nesse jogo
mantendo viva e acesa a chama da verdade e da justiça social, mas,
infelizmente, nossas vozes ainda são abafadas e silenciadas pelo grito
estridente dos que vilipendiaram a nobre política brasileira.
César Rocha
