A candidatura de Marina Silva à
Presidência da República, em substituição ao ex-governador pernambucano Eduardo
Campos, morto em acidente aéreo na semana passada, não causará nenhuma quebra
na estratégia planejada pela campanha da deputada Eliane Novais (PSB) ao
governo do Ceará, segundo o presidente regional do partido, Sérgio Novais.
O dirigente, por sua vez, evitou
entrar no meio do fogo cruzado. Nacionalmente, integrantes da cúpula do PSB
enxergam com risco a entrada de Marina na disputa, tendo em vista que, após
eleita, ela deixe a legenda e insista na criação da Rede, o que levaria consigo
quadros e eleitores socialistas.
Articulação
Ao mesmo tempo, Novais tratou de
aparar as arestas também no Estado. Ele disse que, no Ceará, conjuntamente com
Alexandre Pereira (presidente estadual do PPS), e conversas constantes com
Eduardo Campos, as estratégias vinham sendo negociadas com a cúpula nacional.
Dentre elas, estratégias para o palanque nacional do PSB no Estado. Agora,
porém, tudo deverá continuar no mesmo caminho.
Pelos menos, foi o que deixou
claro o líder nacional do PPS, Roberto Freire. Segundo destacou, antes da
confirmação de Marina Silva, Freire sinalizou que não haverá mudanças quanto ao
apoio, inclusive em terras alencarinas. Ambos os partidos continuarão
articulando as ideias socialistas para eleger Marina à Presidência da
República.
Suprapartidário
A presidenciável, no entanto,
deve ganhar mais de um palanque no Ceará. Além da estrutura montada pelo PSB,
em articulação com a candidatura de Eliane Novais, Marina deve receber o
reforço de um palanque suprapartidário reunindo lideranças de diferentes
legendas que, apesar de estarem em coligações diferentes aqui no Estado, apoiam
a caminhada rumo à Presidência da República.
A ideia da união dos partidos em
apoio a uma “terceira via” já vinha sendo trabalhada pelo presidente do PPS,
Alexandre Pereira, para a candidatura de Eduardo Campos. Com o acidente que
matou o ex-governador, as energias, agora, estão dirigidas para a eleição de
Marina.
Definições
Alexandre Pereira não quis
adiantar detalhes, apenas confirmou que participará de uma reunião no final de
semana com o comando da Rede Sustentabilidade e que, na ocasião, vai propor a
formação da estrutura suprapartidária.
Nordeste
Sergio Novais ressaltou, também,
que o objetivo maior do partido nacionalmente deve dar condições viáveis para
alavancar a candidatura de Marina, inclusive na região Nordeste. Para isso, seu
primeiro ato de campanha iniciará por Pernambuco neste final de semana – terra
de Eduardo Campos.
Em sua fala, Novais destacou que
a visibilidade de Marina reforçará palanques do PSB como um todo, o que terá
reflexos no Estado. Ele destaca que, em 2010, Marina Silva teve votação
expressiva no Estado– 686,7 mil, com apenas 121 votos a menos que o segundo
colocado, José Serra (PSDB) –, e que o índice pode se repetir nas eleições
deste ano. Agora, a expectativa é que ela chegue ao segundo lugar, inclusive
ganhando de Dilma Rousseff em Fortaleza. No meio de sua fala, o socialista
citou que já solicitou agendamento de uma visita de Marina ao Ceará – algo que,
até agora, está sendo organizando pela coordenação da campanha.
Análise
Apesar dos possíveis atritos, o
professor de Comunicação e Política da Faculdade de Comunicação da Universidade
Federal da Bahia, Wilson Gomes, comenta que a oficialização de Marina Silva
como candidata é a melhor opção para o PSB. E ainda ressalta que a ex-senadora
deve se aproveitar do passivo emocional gerado pela morte de Campos para
eliminar a resistência que parte do eleitorado tem a seu nome.
Sobre o Ceará, Gomes destaca que
Marina deverá ter algumas dificuldades, em virtude de uma base de referência
familiar e de identificação na região. Mas, talvez, compense isso com um
discurso ambientalista que tem chance de sucesso nas grandes cidades da região.
Ele ainda não acredita que os apoios firmados por Eduardo Campos migrem para
candidaturas adversárias, tendo em vista o comprometimento de Marina com o
legado de Campos.
Com informações do OE
