Por César Rocha
Estamos diante de uma verdadeira
crise de boas referências na política brasileira, fenômeno que se estende já
algum tempo. Há uma falta de credibilidade reinando no cenário político,
perfeitamente compreensível diante dos incontáveis escândalos, falcatruas e
mentiras que já fazem parte de nosso cotidiano. Frases como estas: "Agora
vai ser diferente...", "Somos a mudança que o Brasil precisa..."
vão se proliferando mais uma vez em propagandas de toda sorte, verdadeira
poluição sonora e visual. Não que sejamos contra a legítima propaganda
eleitoral, contudo, venhamos e convenhamos, extrapolaram todos os limites de
paciência e tolerância do heroico povo brasileiro.
Chegou a tal extremo que, o ato de votar, arma poderosa da vilipendiada
democracia, tornou-se um dilema, uma interrogação que "desassossega o
juízo" dos que levam a sério esse ofício. Eu mesmo me deparei várias vezes
com a seguinte inquietação: "Pelo amor de Deus, em quem devo votar dessa
vez?"
Os antigos diziam que um homem de respeito é um homem de PALAVRA!
Princípio interessante e pouco aplicado na política brasileira. O que mais nos
assombra hoje é exatamente o espírito maquiavélico com que os profissionais da
politicagem e os marqueteiros de plantão manobram as palavras, tornando-as
sedutoras, ardis e venenosas. Cada detalhe é importante no afã de conquistar
eleitores.
Alguém poderia bradar: "Isso é pessimismo..." Prefiro usar
outro termo: SENSATEZ! Nem tudo são sombras! Em meio a tantos sinais de morte,
nos deparamos com pequenas gotas de esperança aqui e acolá, alimentando os
nossos sonhos e as nossas utopias. Que alegria perceber que ainda existem
verdadeiros políticos com "P" maiúsculo fazendo de suas vidas uma
expressão perene de luta e amor ao nosso país. Certamente, esses fazem a
diferença e o Brasil sem eles não seria o mesmo.
É urgente separar o trigo do joio, se quisermos que a democracia e o
orgulho de ser brasileiro voltem a brilhar nessa pátria tão maltratada, e potencializar as iniciativas que visem reformular as regras do jogo
político.
Votar com responsabilidade e decência, nesse momento histórico, é a
maior expressão de amor que podemos oferecer a esse país.