"Ser professor hoje é ter a certeza de que vamos ser humilhados pelos alunos que não querem nos respeitar", diz o professor
O Revista Camocim reproduz a reflexão do professor efetivo da rede pública municipal de Camocim, Sebastião Marques Dourado (o desenho abaixo é de autoria do professor)

Atualmente, o salário de um professor
com formação universitária, com uma carga horária de 100 horas, é de R$
1.085,00, isto, depois do aumento de 9% dado pelo município, que argumentou ter
concedido um aumento acima do piso nacional, ora, o aumento dado pelo MEC foi
de 8,32% e o governo municipal arredondou para 9, o que na verdade, significa
dizer que o aumento foi de apena 0,68%. E é com esta esmola que os governantes
teimam em chamar de salário, que os professores sobrevivem os 30 dias do mês.
Como se não bastasse a humilhação
do baixo salário, que não é o suficiente para que o professor compre uma
merenda todos os dias, há também o fato de certos diretores não permitirem
que os professores comam a merenda escolar, sob a alegação que a mesma é destinada
exclusivamente aos alunos. Até aí tudo bem, isso é uma verdade, mas, o que a
maioria não sabe é que muitos diretores mandavam enterrar a merenda que
sobrava, mas não deixavam os professores comer nem as sobras.

Nós, professores, não queremos
gratificação nenhuma, queremos é respeito, um salário que nos permita
comer bem o ano inteiro, que nos possibilite gozarmos de momentos de lazer com
nossas famílias, que nos forneçam condições para nos especializarmos sem que isso
signifique sacrificar qualquer outra necessidade que temos, que nos trate como
gente e que nos valorizem como pessoas e profissionais que somos.
Ser professor hoje é ter a
certeza de que vamos ser humilhados pelos alunos que não querem nos respeitar,
por pais de alunos que nunca vão compreender o valor que temos na formação de
seus filhos, por outros colegas professores que “estão” diretores ou
coordenadores, mas que na sua arrogância, esquecem que também são professores e
que sofrem como nós sofremos, mas que, para agradar o político que lhes deu o
cargo, insistem em achar que são melhores, mais capazes que os meros regentes
de sala de aula e pelos gestores, que nunca pagam os nossos direitos
trabalhistas.
Por fim, nossos governantes,
cegos pela ânsia de encherem seus bolsos e de satisfazerem seus caprichos
pessoais, não percebem que a figura dos profissionais da educação merece ser
tratada com respeito, com dignidade, pois é este profissional que está todos os
dias da semana em contato direto com aqueles que serão o futuro de nosso país. Infelizmente, este futuro está sendo deixado de lado para que interesses
pessoais de políticos medíocres tenha prioridade sobre a educação".