
O documento foi assinado
coletivamente por João Melo, César Pinheiro, da Secretaria de Recursos
Hídricos, Bruno Menezes, presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio
Ambiente (Conpam), e Aloísio Barbosa Carvalho, secretário Executivo da
Secretaria de Esportes. Melo enfatiza que a saída dos gestores não significa o
rompimento da aliança. "Não é afastamento político, estamos liberando os
cargos para liberar o partido", afirma. Ele acrescenta ainda que os
deputados estaduais e federais continuarão o discurso de defesa do Governo.
Segundo João Melo, dificilmente o
PMDB viraria oposição a Cid. "O que há de separação em um momento inicial
pode significar um reencontro na parte final do processo. Se necessário for,
volta a se unir. Isso é da política", afirmou o controlador, deixando a
entender que o partido deseja, caso não estejam juntos no primeiro turno,
Eunício e Cid dividiriam um mesmo palanque no segundo.
Março
Melo reconhece que a decisão do
grupo de gestores se afastar do Governo já vinha sendo articulada desde o fim
de março, após a conversa entre Eunício e o governador. "(Na ocasião), o
senador apresentou a sua manifestação de que seria candidato ao Governo e, na
medida em que o governador ficou ciente, fomos aos poucos amiudando essa conversa
dentro do partido", revela.
Segundo Melo, o grupo irá se
dedicar, a partir de agora, a assuntos relacionados à campanha do pré-candidato
ao Governo Eunício Oliveira. "Vou me dedicar em tempo integral na feitura
do Plano de Governo. Parte do grupo vai se engajar nesse processo, outros no
planejamento de campanha", afirma. "Como estamos entrando no mês de
maio, a um mês das convenções partidárias, devemos ter alinhado pelo menos uma
parte básica do plano que será defendido na campanha".
Melo diz imaginar que Cid não
ficará satisfeito com a saída dos gestores, mas ressalta que são os trâmites da
política. "Não temos nada a reclamar. O governador sempre deu todo o apoio
que podia às secretarias".
Deputados
A entrega dos cargos de
secretários do Estado ocupados por peemedebistas, é considerada por deputados
do partido como um rompimento real da aliança mantida desde 2006 com Cid Gomes.
Apesar ter tomado conhecimento do fato pelo Diário do Nordeste, o deputado
estadual Neto Nunes acredita que a entrega quer dizer de fato um rompimento
entre o PMDB e o Pros. O parlamentar argumenta que ação é ruim para todos que
fazem parte da aliança, pois com isso a eleição no Ceará será mais difícil
neste ano.
"A primeira vista eu vejo
como rompimento até porque todo mundo briga por um espaço. Eu acho que foi ruim
para todo mundo porque dividiu, se tivesse todo mundo junto seria mais
tranquilo".
O deputado Carlomano Marques foi
mais incisivo em sua declaração e afirmou que a entrega dos cargos demorou para
acontecer, pois o "PMDB já tinha que ter botado moral". Para ele, a
ação é irreversível e decisiva para o partido começar a lutar pelo Governo do
Estado. "Quer rompimento maior do que esse? Eu acho que o governador vai
ter uma surpresa não muito boa. O xadrez da política no Ceará mudou
completamente só não vê quem não quer".
Já Danniel Oliveira, líder do
PMDB na Assembleia, usou um discurso mais político e ameno para comentar a
entrega dos cargos. Segundo ele, a ação deixa o partido tranquilo para
peregrinar por todas as agremiações e também deixa Cid Gomes a vontade para
tomar sua decisão. Danniel explica que os cargos já estavam a disposição do
governador desde o dia que Eunício teve uma conversa com Cid Gomes sobre a
decisão de concorrer ao Governo do Estado. "Não há rompimento, nós temos
que buscar o nosso caminho. Se houver rompimento não será de nossa parte",
garante.
Municipal
Os representantes do PMDB mais
ligados à Prefeitura de Fortaleza não acreditam que o impasse motivado pela
sucessão estadual com o governador Cid Gomes interfira na posição que cada
membro da legenda ocupa na gestão do prefeito Roberto Cláudio. Apesar de o
partido ter entregue os cargos que mantinha no secretariado do Governo do
Estado, o Diretório Municipal do PMDB negou haver uma movimentação semelhante
no âmbito da Capital.
O presidente municipal do PMDB e
da Câmara Municipal, vereador Walter Cavalcante, alegou que, apesar de o
prefeito Roberto Cláudio fazer parte do mesmo grupo político de Cid Gomes, a
disputa pela sucessão estadual não vai afetar a relação entre os dois partidos.
"O Governo Municipal é outra
coisa. São duas instâncias totalmente diferentes. A disputa é estadual. O
momento da Prefeitura é outro. Em nenhum momento também, falou-se em ruptura. A
atitude do PMDB em entregar os cargos é deixar o governador tranquilo e livre
para tomar uma posição", disse Walter.
Diário do Nordeste