A presidenta Dilma Rousseff
aproveitou o jantar, de mais de quatro horas, com jornalistas no Palácio do
Planalto para tocar nos vários temas que a têm incomodado nos últimos dias. Da
economia à política, com direito a críticas aos dois principais adversários: o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador pernambucano Eduardo Campos.
Sobre 2015, Dilma negou que será um ano de duros ajustes na economia e também
prometeu que não haverá aumento de impostos.
– É absurda essa história de o
Brasil explodir em 2015. É ridículo. Pelo contrário, o Brasil vai bombar –
disse ela.
No entanto, admitiu que o próprio
Palácio do Planalto tem preocupação com alta dos preços dos serviços.
– Tem uma coisa que explica o mau
humor, que é a comparação entre taxa de crescimento de bens e taxa de
crescimento de serviços – afirmou.
Sobre os adversários, Dilma
alertou aos eleitores, sem citar nominalmente o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
que, durante encontro com empresários, disse que não terá receio de tomar
medidas impopulares, já no primeiro dia de um eventual mandato presidencial.
– Tem gente dizendo que tem
medidas impopulares. Tem que ter cuidado para que medida impopular não se
transforme em medida antipopular – disse.
O ex-governador de Pernambuco
Eduardo Campos (PSB) também não escapou às críticas:
– Aí vem uma pessoa e diz que a
meta de inflação é 3%. Faz uma meta de inflação de 3%… Sabe o que significa?
Desemprego lá pelos 8,2%. Eu quero ver como mantém investimento social e
investimento público em logística. Não segura fazer isso.
A CPI da Petrobras também figurou
no cardápio, mas Dilma se diz tranquila.
– Não tenho temor nenhum de CPI.
Não devo nada, o governo é de absoluta transparência – disse, e aproveitou para
falar sobre a polêmica compra da refinaria de Pasadena, dizendo que pode ter
havido equívoco da diretoria da estatal, mas não má-fé. “Até onde eu sei, não
teve má-fé. Pode ter equívoco, mas não teve má-fé”.
Dilma também rebateu as críticas
de que estaria represando reajustes de tarifas no ano eleitoral. Sobre o
reajuste da gasolina, afirmou que não há defasagem nos preços:
– Não existe nenhuma lei divina
que diga que preço do petróleo tem que variar de acordo com humor do mercado.
Nos Estados Unidos, isso não acontece com o shale gás. Defasagem da gasolina?
Me mostra a conta. O que está defasado?
Sobre a crise no setor elétrico,
defendeu as medidas adotadas no ano passado e afirmou que sem os investimentos
do governo federal, a situação seria muito pior. E aproveitou a deixa para
criticar o governo de São Paulo, que enfrenta a crise da falta de água.
– A crise é 100 mil vezes pior
que em 2001. São Paulo não investiu. Nós botamos muito dinheiro no modelo
hidro/térmicas. Qualquer tentativa de repartir responsabilidade com o governo
federal sobre o problema da água em São Paulo é má-fé . A responsabilidade é de
São Paulo – afirmou.
Ainda no jantar, ela falou sobre
o “Volta, Lula”, e disse que sua relação com o ex-presidente é mais forte do
que se imagina.
– Tenho certeza que o Lula me
apoia neste exato instante – concluiu.
Correio do Brasil