PROFESSOR DIZ QUE "ALUNOS SÃO EMPURRADOS E NÃO APROVADOS" - Revista Camocim

segunda-feira, 28 de abril de 2014

PROFESSOR DIZ QUE "ALUNOS SÃO EMPURRADOS E NÃO APROVADOS"

O Revista Camocim reproduz o breve artigo do professor Sebastião Dourado, que analisa, algumas das muitas  situações que sofre a educação pública. 

Vivemos em tempos de conflitos dos mais diversos possíveis, sobretudo, conflitos sociais, em que  as escola perderam totalmente sua identidade devido à falência múltipla dos demais serviços públicos como segurança e saúde, ou seja, uma coisa leva a outra, pois educação, saúde e segurança, estão de certa forma interligadas pela conjuntura de formação do cidadão e do exercício de sua cidadania.

Não podemos negar que os recursos destinados atualmente para que tenhamos uma educação de qualidade são mais do que o suficiente, no entanto, ao chegaram ao destino final, estes recursos já sofreram tantos desfalques que acabam se tonando insuficientes para as demandas encontradas na escolas, que acabam ficando depredadas com o desgaste do constante uso e abusos por parte de alguns vândalos disfarçados de alunos.

Por outro lado, fica a figura do professor, massacrado pelo sistema que não lhe dar condições dignas de trabalho. Lhes são  negados  através das décadas um salário que seja suficiente para o sustento pessoal e familiar, além de terem lhes arrancado totalmente a autoridade em sala de aula, colocando o aluno como sendo o detentor de todos os direitos possíveis e sem nenhuma responsabilidade.

Todos sabemos que o resultado final é a aprovação de alunos que passaram o ano letivo inteiro sem cumprir suas responsabilidades estudantis, e que por motivos de elevação dos índices, são empurrados ao “ano” (série) seguinte sem terem as mínimas competências exigidas para dar continuidade a seu aprendizado.

O fato mais lastimável é que as famílias, as autoridades e a sociedade em geral, parece não ter se dado conta, ou não querem enxergar, que esta mesma sociedade ainda não entrou em colapso total devido a professores que se doam de corpo e alma ao seu trabalho, e muitas vezes tendo que trabalhar todos os dias da semana, os três turnos, para consegui manter um padrão de vida mais ou menos digno, ou seja, que dê para sustentar sua família, tendo para isso, que sacrificar momentos de lazer e dedicação aos filhos, marido, esposa.

É preciso que despertemos para o que está acontecendo ao nosso redor, que procuremos agir enquanto estamos ativos, enquanto a nossa carga horária não nos adoece. Mais parece que nós professores sofremos do “mal da passividade”, em aceitarmos tudo, sem reagir ao que nos fere, ao que nos humilha, ao que nos mata a cada dia de aula estressante, quando voltamos para casa exaustos de pensarmos em metodologias novas que estimulem nossos alunos a serem cidadãos de bem.

Sebastião Marques Dourado
Professor Efetivo da Rede de Ensino Municipal de Camocim