O Revista Camocim reproduz o breve artigo do professor Sebastião Dourado, que analisa, algumas das muitas situações que sofre a educação pública.
Vivemos em tempos de conflitos
dos mais diversos possíveis, sobretudo, conflitos sociais, em que as escola
perderam totalmente sua identidade devido à falência múltipla dos demais
serviços públicos como segurança e saúde, ou seja, uma coisa leva a outra, pois
educação, saúde e segurança, estão de certa forma interligadas pela conjuntura
de formação do cidadão e do exercício de sua cidadania.
Não podemos negar que os
recursos destinados atualmente para que tenhamos uma educação de qualidade são
mais do que o suficiente, no entanto, ao chegaram ao destino final, estes
recursos já sofreram tantos desfalques que acabam se tonando insuficientes para
as demandas encontradas na escolas, que acabam ficando depredadas com o
desgaste do constante uso e abusos por parte de alguns vândalos disfarçados de
alunos.
Por outro lado, fica a figura
do professor, massacrado pelo sistema que não lhe dar condições dignas de
trabalho. Lhes são negados através das décadas um salário que seja suficiente para o
sustento pessoal e familiar, além de terem lhes arrancado totalmente a autoridade
em sala de aula, colocando o aluno como sendo o detentor de todos os direitos
possíveis e sem nenhuma responsabilidade.
Todos sabemos que o resultado
final é a aprovação de alunos que passaram o ano letivo inteiro sem cumprir
suas responsabilidades estudantis, e que por motivos de elevação dos índices,
são empurrados ao “ano” (série) seguinte sem terem as mínimas competências
exigidas para dar continuidade a seu aprendizado.
O fato mais lastimável é que
as famílias, as autoridades e a sociedade em geral, parece não ter se dado
conta, ou não querem enxergar, que esta mesma sociedade ainda não entrou em
colapso total devido a professores que se doam de corpo e alma ao seu trabalho,
e muitas vezes tendo que trabalhar todos os dias da semana, os três turnos,
para consegui manter um padrão de vida mais ou menos digno, ou seja, que dê
para sustentar sua família, tendo para isso, que sacrificar momentos de lazer e
dedicação aos filhos, marido, esposa.
É preciso que despertemos para
o que está acontecendo ao nosso redor, que procuremos agir enquanto estamos
ativos, enquanto a nossa carga horária não nos adoece. Mais parece que nós
professores sofremos do “mal da passividade”, em aceitarmos tudo, sem reagir ao
que nos fere, ao que nos humilha, ao que nos mata a cada dia de aula
estressante, quando voltamos para casa exaustos de pensarmos em metodologias
novas que estimulem nossos alunos a serem cidadãos de bem.
Sebastião Marques Dourado
Professor Efetivo da Rede de Ensino Municipal de Camocim