
O governador Cid Gomes (Pros)
pode anunciar hoje, a dois dias do fim do prazo para a desincompatibilização,
se renuncia para permitir uma candidatura do irmão, o secretário estadual da
Saúde, Ciro Gomes (Pros), ao Senado, abrindo espaço para a candidatura ao
governo do senador Eunício Oliveira (PMDB).
Cid e Ciro participarão hoje,
às 18h30, de inauguração de policlínica em Limoeiro do Noite, onde poderá ser
feito o anúncio, sequência de conversas mantidas desde ontem no grupo político
do governador.
O governador, seu irmão e os
pré-candidatos do Pros ao Executivo (o vice-governador Domingos Filhos, o
presidente da Assembleia, José Albuquerque, o deputado Mauro Filho, e o
ex-ministro dos Portos, Leônidas Cristino), mais o prefeito Roberto Cláudio,
tiveram reunião ontem de quase três horas no Palácio da Abolição para discutir
o próximo passo de Cid. “Amanhã (hoje) é que vamos começar a descobrir (se Cid
fica ou sai)”, disse José Albuquerque ao O POVO depois do encontro.
Cid terá de demonstrar mostrar
dose extra de habilidade política para conseguir absorver as pressões internas
e externas e, ao mesmo tempo, manter a unidade possível e evitar desgastes
profundos. Conforme alertou o presidente estadual do PT, De Assis Diniz, “ao
longo de todo o processo político, se construíram relações e parcerias dentro
de uma logica. Esse novo cenário (de renúncia) mexe muita coisa. E são nomes
fortes. Imagine você mexer num tabuleiro que altera as relações entre Eunício
Oliveira, José Guimarães (deputado federal PT), Zezinho Albuquerque...”.
A avaliação de perdas e ganhos
passa, sobretudo, pelo que Cid considera prioridade política no momento. Para o
deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB), se a principal meta for eleger
um sucessor, há riscos em passar o bastão a outro nesta altura do campeonato.
“Nunca é a mesma coisa, principalmente no Legislativo. As pessoas têm
preferências. Você vê o exemplo do Lula com a Dilma no Congresso. Ele passou
sem uma nuvem, ela enfrenta tempestades”, ilustrou.
Em jogo, ainda, os efeitos
pessoais da situação. “Eu não queria estar no lugar dele nesse momento.
Primeiro porque o projeto pessoal dele está sendo frustrado diante de uma
necessidade política. Segundo, porque é uma decisão que mexe com família, mexe
com projetos pessoais, que custam muito caro. Agora, talvez essa encruzilhada
tenha sido gerada por ele não ter conseguido construir uma candidatura
natural”, avaliou Danilo Forte (PMDB).
Saiba mais
Circulava ontem rumor de que o
PT nacional haveria orientado o partido no Ceará a abrir mão da candidatura ao
Senado em prol de Ciro Gomes. O pré-candidato petista à vaga, o deputado
federal José Guimarães, reagiu com indignação. “Isso é mais uma fofoca. O PT está
firme e forte na disputa pelo Senado”, disse ele ao O POVO.
O POVO