Cercadas de incertezas, três grandes ações simultâneas dos Governos Municipal, Estadual e Federal levantam dúvidas sobre o futuro da vila paradisíaca, até então intocada pelo avanço do concreto e máquinas.
Isolado do frenesi dos grandes centros e ícone do Ceará para o mundo, o Parque Nacional de Jericoacoara se prepara para receber as três maiores intervenções de sua história. Cercadas de incertezas, ações simultâneas dos Governos Municipal, Estadual e Federal trazem a vila para o centro do debate público e levantam dúvidas sobre o futuro da área – até então intocada pelo avanço do concreto e máquinas.
Ao todo, são três grandes
ações em curso: uma parceria público-privada (PPP) para gerenciamento do
parque, a ampliação da Zona Urbana de Jijoca de Jericoacoara (permitindo
construções na área) e grandes empreendimentos do Estado para turismo da
região. Bancados pelo dinheiro público, os projetos atraem também olhares do
setor privado.
Gestão privada
No caso da PPP, o
gerenciamento do Parque será entregue à empresa vencedora de licitação. Ela ficaria
responsável pela infraestrutura de Jericoacoara – como manutenção de guaritas e
placas de sinalização. Em troca, o ente privado fica livre para explorar
economicamente o espaço, com carta branca para cercar o parque e cobrar
entradas. Apenas com isso, relatórios já preveem lucro de até R$ 60 milhões em
15 anos.
“A Vila de Jericoacoara vai
receber grande aumento na vinda de pessoas, e o parque acaba recebendo os
impactos desse turismo. A PPP viria para equiparar esse crescimento com
estrutura”, diz Wagner Cardoso, chefe do Parque Nacional de Jericoacoara pelo
Instituto Chico Mendes (ICMBio). Responsável pela fiscalização do Parque,
Wagner admite que o órgão não possui estrutura para resguardar a região.
Atualmente, as três guaritas
do órgão estão abandonadas. Sem sinalização ou efetivo para fiscalização, é
comum ver veículos sobre as dunas e outros locais proibidos. “Poderia ser feito
pelo próprio ICMBio, mas o órgão não tem orçamento”, diz Wagner, apontando que
o modelo vem sendo replicado em diversos Parques Nacionais brasileiros.
A proposta de PPP causou
polêmica após a empresa responsável pelo projeto, Idom, sugerir empreendimentos
controversos, como um restaurante sobre a duna do Serrote e um teleférico. As
ideias foram vetadas após repercussão e críticas.
Construções no entorno
60 milhões é o lucro estimado
para 15 anos da PPP de Jericoacoara
154 milhões é o volume de
investimentos do Estado no Litoral Oeste
SAIBA MAIS
2 A PPP da gestão do parque de
Jericoacoara ainda está em fase de estudos, com membros do conselho consultivo
do Parque analisando que medidas vão ou não integrar edital da PPP. Previsão é
que certame seja lançado até o ano que vem.
O POVO

