
Cerca de 10 mil famílias já foram desalojadas no entorno dos estádios, dando espaço para o megaprojeto. Remoções feitas de maneira irregular em muitos casos, sem qualquer respeito às famílias vitimadas. A derrubada de casas, muitas vezes, é feita com as coisas dos moradores dentro pelas empreiteiras responsáveis pelas obras de infraestrutura, tudo irregular e ilegal! Comerciantes, indígenas, brasileiros dos mais diferentes segmentos sociais são obrigados a engolir essa situação em nome do "progresso" e do "desenvolvimento" do país. Será que os desalojados da copa estão recebendo uma compensação financeira ou reassentamento adequados?
Em um país marcadamente corrupto como o nosso, poderíamos nos perguntar sobre a lisura da aplicabilidade desse montante de dinheiro. Queremos sim, investimento no esporte, mas, desejamos muito mais comprometimento com a implementação das políticas públicas, maior empenho em amenizar, pelo menos, as feridas sociais cada vez mais abertas em nossa nação. Estamos cansados de assistir a escalada vertiginosa da violência no Brasil, o descaso com a saúde pública, a precarização do transporte público, a desvalorização do magistério, dentre outros.
O futebol, válvula de escape de todos os brasileiros, principalmente das camadas mais pobres da sociedade, torna-se gradativamente, um passatempo das elites brasileiras. Afinal de contas, até a entrada nos grandes coliseus do esporte, passa a ser inacessível para a grande maioria.
O fato é que precisamos discutir mais o que está sendo feito com o nosso dinheiro, se não quisermos posteriormente, "chorar pelo leite derramado".
César Rocha