![]() |
As chuvas do início do ano deixaram
esperançosos os nordestinos, que sofrem com uma das piores secas da história.
Preocupados com a situação estarrecedora, muitos aguardam, ansiosos, a previsão
para a quadra chuvosa de 2014, que vai de fevereiro a maio. A perspectiva do
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe) é animadora.
A previsão para o semiárido
brasileiro entre os meses de janeiro e março indica maior probabilidade de
ocorrência de chuva dentro da faixa do normal, considerando uma distribuição de
probabilidade de 25%, 40% e 35% de ocorrência de precipitação nas categorias
acima, normal e abaixo da normal climatológica, respectivamente. A previsão
climática do Centro para o primeiro trimestre de 2014 também indicou um padrão
de temperatura dentro da normal climatológica para todo o semiárido nordestino.
Os profetas da chuva também
estão otimistas. Apesar de preverem que as chuvas deverão demorar a chegar no
Interior, eles garantem que este ano haverá uma boa quadra chuvosa. No
tradicional Encontro dos Profetas da Chuva, realizado no último dia 11, em
Quixadá, 14 dos 28 participantes, além de outros oito observadores, apontaram
previsão favorável superior à 80%.
Já o prognóstico da Fundação
Cearense de meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) será anunciado hoje com
a previsão climática para os meses de fevereiro a abril. A divulgação encerra o
XVI Workshop Internacional de Avaliação Climática para o Semiárido Nordestino.
O órgão ressalta que busca diminuir as subjetividades que possam influenciar no
resultado da previsão, reforçando a importância das análises técnicas e dos
modelos atmosféricos nas avaliações.
"Desde o ano passado,
temos no Ceará um modelo global que simula a atmosfera do planeta todo. Também
acessamos as informações de vários outros modelos de instituições parceiras do
Brasil e de outros países. Nossa meta é fazer uma previsão objetiva com esses
dados, evitando a interferência da subjetividade do ser humano. Ao mesmo tempo,
o sistema proporciona uma maneira de evitar que aspectos externos influenciem o
sistema (diante de um quadro crítico de seca, por exemplo, alguns profissionais
sentem-se tentado a dar uma mensagem de esperança. Este não é o nosso
papel)", diz Eduardo Sávio Martins, presidente da Funceme.
Depois do Workshop, a Funceme
permanecerá monitorando e avaliando as condições dos oceanos e da atmosfera.
"O prognóstico não é definitivo. Faremos nova reunião no fim de fevereiro
para emitirmos uma previsão atualizada que mostrará a tendência das
precipitações até maio, último mês da quadra chuvosa. Se percebermos que os
sinais desse outro período estão diferentes, a nova previsão será divulgada
contemplando essas mudanças", complementa.
Pré-estação
Leandro Valente,
meteorologista da Funceme, explica que, para chegar ao prognóstico, o órgão,
juntamente com outros centros nacional e internacionais, usou dados oceânicos e
atmosféricos para avaliar como tende a ser as chuvas nos próximos três meses. O
especialista salienta que o fato de estar chovendo no Ceará não significa uma
quadra chuvosa boa ou ruim.
"Estamos no período de
pré-estação chuvosa. Em janeiro, o principal sistema que atua no Estado, que
gera chuvas de forma mais frequente, são os vórtices ciclônicos de altos
níveis. Esse sistema costuma atuar em dezembro e em janeiro. Já na quadra
chuvosa, que abrange de fevereiro a maio, o sistema que atua é a Zona de
Convergência Intertropical", ressalta. Por isso, as chuvas de janeiro não
podem ser utilizadas como indicador da quadra chuvosa, uma vez que existem dois
sistemas diferentes atuando nesse período.
Luana Lima
REPÓRTER