Perdido em meio a tantos
sinais da modernidade e do progresso, por entre condomínios hermeticamente
fechados e prédios com refinada arquitetura, estava o velho casebre. Embora
ainda mantivesse a sua imponência e os traçados meticulosos em sua fachada
desgastada pelo tempo, a antiga construção resistia à celeridade e fugacidade
de tantos avanços e mudanças no cenário urbano daquela pequena cidade
interiorana.
Os transeuntes que por ali
passam quase não se importam mais com aquele antigo prédio da Rua José de
Alencar. Alguns poucos ainda se detêm por alguns segundos fitando o que ainda
resta de suas paredes e janelas, perguntando-se sobre a sua história e o seu
trágico desfecho. Em seus tempos áureos, apenas a aristocracia camocinense
poderia frequentá-lo e participar de suas tertúlias, saraus e bailes. Ouve-se
dizer que o luxo e a ostentação eram marcas características daquele casarão. Os
lustres europeus, por exemplo, davam um “glamour” especial às noites de festa,
onde a boa música e a recitação poética embalavam os corações apaixonados.
Como não lembrar aqui das
pinturas e decorações do artista plástico Manuel Queiróz, que com sua elegância
e talento deixou também suas marcas perenes na história daquele clube. Os seus
grandes salões, hoje tomados pelo abandono e descaso, são testemunhas de
importantes solenidades e eventos, como aquela que prestigiou o feito heroico
do grande aviador Pinto Martins e seus companheiros em sua trajetória Nova
Iorque – Rio de Janeiro.
Fatídica manhã aquela de 1931,
quando as chamas mudaram para sempre o velho Sport Clube e, consequentemente, a
história de Camocim.
César Rocha
