
As principais mudanças acatadas pelo plenário da Casa
fazem parte de acordo selado entre o relator do texto na Câmara, deputado
federal Rogério Carvalho (PT-SE) e o Conselho Federal de Medicina (CFM).
DIÁRIO DO NORDESTE
O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), criticou a emissão
da autorização pela pasta e atacou o Conselho Federal de Medicina por ter
entrado em acordo com o governo para a votação da proposta. "O conselho
resolve fazer um acordo sem consultar a classe e quebra um pilar criado na
época de Juscelino Kubistchek de que os conselhos tem essa
responsabilidade", disse.
O governo, por sua vez, afirma que a transferência da
prerrogativa de concessão de registro para o Ministério da Saúde vai
"acelerar" a atuação dos profissionais de saúde em áreas pobres do
país.
Essa era a principal polêmica com os Conselhos Regionais
de Medicina, que detêm hoje essa prerrogativa. "Até agora, o governo não
perdeu nenhuma votação ", comemorou o relator da matéria, Rogério
Carvalho.
O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), adotou
discurso semelhante. "A votação da MP mostrou que a base está
arrumada", disse. O texto agora precisa da aprovação dos senadores. A
votação na Câmara ocorreu após mais de onze horas de debate, durante dois dias.
Exame da Ordem
Uma mudança sugerida pelo líder do PMDB na Casa, Eduardo
Cunha (RJ), prolongou o debate na reta final de votação do programa Mais
Médicos.
O último destaque apreciado pelos deputados previa o fim
do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
"Se estamos acabando com o registro de médico e não
precisa sequer se registrar no conselho, como pode um advogado que estudou
cinco anos fazer uma prova de conselho para ter o direito de exercer sua
profissão?", questionou o deputado. O tema criou polêmica no plenário e
congressistas ameaçaram deixar o local para derrubar a sessão. O líder do PT
precisou atuar para evitar o adiamento, mais uma vez, da conclusão de votação
do Mais Médicos.
"Quero solicitar minha bancada que permaneça no
plenário para que a gente não possa comprometer o trabalho de dois dias",
afirmou o líder. Após uma série de debates, o fim do exame da Ordem não foi
aprovado pelos congressistas: foram 308 votos contrários à mudança, 46
favoráveis e 15 abstenções.
O governo trabalhou de forma intensa nos últimos dois
meses para que o Mais Médicos, que deverá ser mote da campanha da reeleição da
presidente Dilma Rousseff e da candidatura do ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, ao governo do Estado de São Paulo, fosse aprovado. Nos últimos dois
meses, Padilha passava pelo menos dois dias da semana no Congresso, negociando
com parlamentares.
A presidente Dilma Rousseff comemorou, ontem, o resultado
da votação da MP do Mais Médicos na Câmara. "Fiquei muito animada com a
votação", disse a petista durante homenagem aos 25 anos da promulgação da
Constituição Federal que aconteceu na Câmara.