“O GIGANTE ACORDOU!” SERÁ?! - Revista Camocim

segunda-feira, 24 de junho de 2013

“O GIGANTE ACORDOU!” SERÁ?!

Com alegria e expectativa estamos participando de um momento histórico de suma importância em nosso país, onde os brasileiros e brasileiras vivem uma verdadeira redescoberta da democracia e de sua plena cidadania. Grandes multidões de jovens, crianças e idosos, de norte a sul do Brasil com suas caras pintadas, faixas e cartazes de protesto ganham às ruas e praças de nossos centros urbanos reivindicando o que há muito estava engasgado em nossa goela, justiça social e transparência nos gastos públicos. Em determinadas épocas de nossa história, o “gigante impávido e colosso” chamado Brasil, geralmente deitado e acabrunhado em berço esplêndido, resolve acordar e mostrar a sua força, a sua coragem e valentia.
Embora não tenhamos alcançado ainda o patamar ideal de conscientização e participação popular nas grandes discussões sociopolíticas que permeiam os diferentes setores em nosso país, temos percebido que avançamos de forma significativa nesse processo de revitalização da democracia. A juventude, protagonista de toda essa efervescência política de caráter apartidária, de um modo geral, tem mostrado para o mundo que está atenta aos avanços e retrocessos da política brasileira, dizendo com seu jeito peculiar que não suporta mais tantos desmandos e tanta impunidade por parte daqueles que conduzem essa nação. “Povo passivo, corrupção ativa!” – alertava um dos cartazes de um manifestante. Articulados e conectados pelas redes sociais, os jovens têm conseguido se organizar com uma incrível facilidade e rapidez, fazendo e mudando a história, num processo dinâmico e cheio de vitalidade.
Em Camocim/CE, não poderia ser diferente. Na tarde do dia 22 de junho de 2013, sábado, sob o olhar repressor e atento da “gloriosa” Polícia Militar, a juventude se reuniu para fazer ecoar o seu protesto e o seu repúdio pelas ruas, denunciando a injustiça e a corrupção em âmbito nacional, mas, sobretudo, manifestando-se contra as graves mazelas sociais e políticas de nosso município, o que em si, já bastaria para valer a pena qualquer manifestação desse cunho. Vive-se uma clara situação de mal-estar social e uma sensação de completa impunidade pairando no ar, o que tem afligido e roubado a paz de nosso povo. As denúncias de compras superfaturadas, de desvio de dinheiro público, de perseguição e desrespeito ao funcionalismo municipal estavam estampadas nos cartazes e faixas carregados pelos jovens, enquanto meia dúzia de populares, alguns até numa postura desrespeitosa e de evidente alienação, observavam atentamente à distância. Participar ou não dessas manifestações é um direito de todos e todas, mas, por outro lado, deve-se o respeito e a plena liberdade àqueles que querem se manifestar, de uma forma pacífica e ordeira, contra as várias situações de exclusão e desigualdade social, principalmente, aquelas que fazem parte de nosso cotidiano. Há quem prefira cruzar os braços e ser explorado comodamente!! Paciência!!
Esperamos e desejamos sinceramente que essas e outras manifestações tenham consistência e façam parte de um processo duradouro de profundas mudanças em nossa nação. A derrocada da corrupção começa com a mudança de mentalidade, no momento em que nos sentimos corresponsáveis pelo desenvolvimento de nosso país, estado e município, fazendo assim a nossa parte nas pequenas atitudes do dia-a-dia. Calar a voz é perpetuar a voz da iniquidade e compactuar com a injustiça!!

Por César Augusto Rocha – presidente do CNLB/NE I