O
UKMO (United Kingdom Meteorological
Office) anunciou sua previsão de temperatura média global para 2013 e as
chances de um novo recorde absoluto de temperatura globais são bastante
significativas. Há alguns meses, uma análise prévia já indicava que 2013
deveria vir a estar muito provavelmente entre os dez mais quentes do registro
histórico, com fortes indícios de que teria, pelo menos, alta probabilidade de
ser mais quente do que 2012. O ano que se encerrou poderia até ter ficado, como
indiquei em diversos momentos, fora da lista dos mais quentes, por ter se
iniciado com uma La Niña intensa e este fenômeno resfria o Oceano Pacífico
equatorial, com reflexos sobre a média de temperatura global. Mas encerrou como
o nono mais quente.
Agora,
a instituição britânica divulgou a sua previsão final para este ano que se
inicia. A expectativa é a de que, em comparação com a média de 1961 a 1990,
2013 fique entre 0,43 e 0,71°C acima, com valor mais provável para anomalia de
temperatura de +0,57°C. É quase certo que ele entra nos “top ten” (pois o 10º
colocado, 2004 apresenta anomalia exatamente igual ao valor mínimo previsto
para 2013). São altas, ainda, as chances de este ano bater o recorde de 2010 e
seus 0,54°C de anomalia em relação a 1961-1990.
Naturalmente,
somos levados a nos questionar sobre o grau de confiabilidade das previsões do
UKMO e uma boa maneira de checar isso é verificando as previsões feitas
anteriormente. Ao final de 2011, a previsão feira para 2012 era a de que o ano
ficaria com anomalia entre 0,34 e 0,62°C, com valor mais provável de 0,48°C.
Considerando a não-linearidade do sistema climático terrestre, a diferença de meros
0,03°C entre o previsto e o verificado para 2012 impressiona. Para 2011, a
previsão foi de que a anomalia de temperatura global estaria entre 0,28 e
0,60°C, com valor mais provável de 0,44°C. Novamente a diferença entre previsão
e realidade foi bastante pequena, pois 2011, na tabela acima aparece exatamente
como o 12° ano mais quente do registro histórico, 0,42°C acima da média de 1961
a 1990.
Ainda
que não venha a se confirmar a previsão e não se configure o recorde absoluto
de temperatura global desde que há medidas globais dessa variável
(ultrapassando 2010 e 2005), é bastante provável que o único ano entre os mais
quentes que não pertence ao século XX (1998, ano do maior El Niño do registro
histórico) seja desbancado de uma posição, passando a ser apenas o 4° colocado
nesse ranking. Ficamos a imaginar que outros recordes também possam ser
batidos, como o do degelo no Ártico, pulverizado em 2012. Esperemos, no mínimo,
que o recorde da irresponsabilidade e inércia da COP18 não seja quebrado na
COP19 (a se realizar em Novembro de 2013, em alguma cidade ainda não definida
do Leste Europeu). Com parte do 5º relatório do IPCC (a que trata das bases
físicas da mudança climática e quantifica as alterações e o papel antrópico)
apontando claramente as razões do aquecimento global e um possível recorde de
temperatura (ou pelo menos uma candidatura ao “podium”) a caminho, ficará
absolutamente ridículo repetir a ausência de resultados das edições anteriores
da “Conference of the Parties”.
Alexandre
Costa, Fortaleza, Ceará, Brazil, é Ph.D. em Ciências Atmosféricas, Professor
Titular da Universidade Estadual do Ceará.
Carlos
Jardel