10 anos após o assassinato de Gleydson Carvalho, a liberdade de imprensa ainda sangra - Revista Camocim

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

10 anos após o assassinato de Gleydson Carvalho, a liberdade de imprensa ainda sangra




Nesta quarta-feira, 06 de agosto, completa-se 10 anos do assassinato do radialista Gleydson Carvalho, executado com três tiros dentro do estúdio da Rádio Liberdade FM, em Camocim, enquanto apresentava seu programa ao vivo. O caso, que chocou o Ceará e o país, ainda deixa marcas profundas no jornalismo regional e segue sem completa responsabilização de todos os envolvidos.


 Um crime em plena transmissão.


Na manhã do dia 6 de agosto de 2015, Gleydson falava com seus ouvintes como fazia diariamente. Conhecido por sua postura crítica contra a corrupção, especialmente em municípios da região como Martinópole, ele já havia denunciado publicamente que sofria ameaças de morte.


Dois homens chegaram ao prédio da rádio em uma moto branca, anunciaram um falso anúncio e renderam a recepcionista. Um deles entrou no estúdio, mandou o operador se esconder e atirou em Gleydson três vezes, dois tiros no peito e um na cabeça. O radialista chegou a ser levado ao Hospital Municipal de Camocim, mas morreu antes de chegar à unidade.


 As peças do crime


A investigação revelou que o crime foi premeditado e teve motivação política. Gleydson incomodava setores da administração pública com suas denúncias no rádio. O assassinato foi classificado como uma execução por encomenda.


A Polícia Civil prendeu nos dias seguintes à morte os primeiros envolvidos:


  • Thiago Lemos da Silva, apontado como o pistoleiro;
  • Gisele Souza do Nascimento e Regina Rocha Lopes, acusadas de fornecer apoio logístico aos assassinos;
  • Daniel Lenon Almada, teria fornecido a moto usada na fuga;
  • Francisco Portela, motorista e cúmplice.


Em abril de 2019, três dos réus foram condenados:


  • Thiago Lemos: 27 anos de prisão;
  • Gisele Souza e Regina Rocha: 23 anos cada.


O mandante só foi preso 9 anos depois


Apesar das condenações, o suposto mandante do crime só foi preso quase nove anos depois: em janeiro de 2024, a polícia capturou João Batista Pereira da Silva, conhecido como Batista Dentista, em Maracanaú. Ele é tio do ex-prefeito de Martinópole e apontado como quem teria financiado e ordenado a execução de Gleydson.


Segundo o Ministério Público, sete pessoas foram denunciadas por envolvimento direto e indireto na morte, incluindo Batista. Todos respondem por homicídio triplamente qualificado e organização criminosa.


Carlos Jardel