Jeová está propondo deturpar o conceito de serviço essencial: academias e atividades religiosas não são! - Revista Camocim

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quinta-feira, 4 de março de 2021

Jeová está propondo deturpar o conceito de serviço essencial: academias e atividades religiosas não são!




Padres, pastores, donos de academias, os vereadores - e outros mais - não vão gostar "um pingo" do que apresento nas próximas linhas. Mas é fato: ainda não se ouviu dizer que alguém tenha morrido porque deixou de frequentar uma academia de ginástica ou porque tenha deixado de assistir uma missa ou um culto religioso durante essa pandemia - Porém já se ouviu falar justamente o contrário- Indiscutivelmente, são serviços importantes, mas que, no contexto da pandemia, não são essências.


A saber: o presidente da Câmara de Vereadores de Camocim, Jeová Vasconcelos, através de um Projeto de Lei, a ser apresentado nesta sexta-feira (05), em sessão virtual,  quer tornar essencial  serviços de academias e de igrejas. 


Sem duvidas, o projeto é uma média a ser fazer com os empresários e profissionais do ramo de academias e com o público religioso, principalmente com os alienados negacionistas da Covid-19.  Trata-se então de um projeto desonesto e meramente politiqueiro. 


Um Unidade Básica de Saúde, uma farmácia, um posto de gasolina, a segurança pública, o  abastecimento de água e a venda de alimentos, esses sim são serviços essências, sem os quais seria impossível alguém sobreviver na sociedade. 


Já o culto dominical e as demais atividades religiosas, ocorrendo de forma restrita, não prejudicam a  vida orgânica da sociedade. Afinal de contas não foi decretado a suspensão da fé. Mas sim das atividades que aglomeram. E tanto os cultos evangélicos como as missas católicas aglomeram pessoas.  



E é bom lembrar que missas e cultos não são as atividades mais importantes da fé  cristã.  O cristão não vai pro céu ou pro inferno pela quantidade de missas que frequentou ou deixou de frequentar.  Mas se cultos e missas fossem as coisas mais importantes da fé, mesmo assim, não seriam essencial para o estado laico. 


E missas e cultos podem e devem ser realizadas pelas plataformas digitais.  Já  o dizimo e as demais ofertas financeiras, que sustentam as igrejas, com seus pastores e funcionários, podem ser entregues, "sem aglomerações",  nas secretarias paroquias, e , no caso de Igrejas Evangélicas, nas casas dos seus respectivos tesoureiros ou coisa parecida.


Outra possibilidade, é fazer a oferta através de transferência bancária,  via pix - coisa da modernidade.  


Ora, as famosas entidades religiosas do Brasil enchem seus cofres dessa forma. Pra se ter ideia, centenas de camocinenses pagam o dizimo pra Canção Nova, sem nunca terem colocado os pés por lá.  Da mesma forma, vários evangélicos pagam dizimo pro Valdomiro e outros da mesma marca.



Mas se os líderes religiosos alegam que suas ovelhas precisam de "uma palavra de fé, de consolo, de esperança", então que continuem fazendo isso nas redes sociais, escrevendo, gravando vídeos, enviando áudios, ligando pras pessoas etc. Isso não está proibido. 


Escuto com frequência muitas pessoas que dizem: " assisto todo domingo a missa do padre Marcelo Rossi pela televisão e escuto as orações do padre Reginaldo Manzotti na rádio".  Ou seja, uma prova de que para se rezar numa missa ou ouvir um pastor, o templo passou a ser apenas um detalhe substituível .


E se a "choradeira religiosa" pelo titulo de essencial na sociedade  se justifique na tese de que as rezas coletivas são, também, para aliviar os problemas psicológicos das ovelhas, o correto e honesto é pedir para que elas procurem  um atendimento especializado, com psicólogos, psicanalistas e psiquiatras. Afinal de contas, padres e pastores são formados em teologia e filosofia e não em medicina.  E teologia e filosofia não credenciam ninguém a exercer atividade no ramo da medicina, da psicologia e da terapia .


Pastores e padres podem até cair na besteira de pensar que são "médicos ou enfermeiros de almas de ovelhas" ou que possuem super podres. Mas não. Eles não tem super podres e muitos não passam de charlatões. E  induzir seus respectivos fieis a acreditarem nessa besteira deveria ser crime. 


Também não cai mal pras autoridades religiosas solicitar as autoridades politicas que desenvolvam dignamente a politica pública de saúde mental.


Já as academias, que também são importantes, como disse "lá em cima", não são serviços essenciais. São essenciais as atividades físicas, que não estão proibidas em lugar nenhum do planeta terra. Muitas atividades podem e devem ser desenvolvidas em casa, inclusive com orientação de instrutores no modo "online", através das redes sociais. 


Existe nessa narrativa desonesta a tentativa de induzir o povo a acreditar que as atividades físicas se restringem ao serviço de uma academia e tão somente ao comando dos seus profissionais da educação física. 

No projeto, o presidente Jeová cita o artigo 3º da  Lei Federal  9.696/1989 que fala sobre as atividades de competência do profissional de educação física. Só que em momento algum o artigo credencia como essencial  os "serviços de academias" e nem mesmo limita o serviço do referido profissional a uma academia, sequer menciona a palavra. 


O presidente, também erroneamente, cita o artigo 2º da Lei Federal 8.081/1190, que dispõe sobre o dever do Estado de criar, através de politicas públicas, condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde. O artigo, obviamente, não inclui tornar essencial o serviço de uma academia de ginástica, porque tal serviço não assegura o "acesso universal e igualitário" para a população, conforme destaca  o artigo da  Lei.


É um serviço importante, mas não se enquadra como essencial e não encontra nas leis as garantias ou entendimentos honestos que as elevem a tal patamar. É um serviço privado que só usufrui quem pode pagar. Logo uma minúscula parte da sociedade tem acesso. Porque seria então essencial? 



A Educação, por exemplo,  é um serviço essencial, mas nem por isso as aulas presenciais, acertadamente, foram  liberadas. 


Repito: esses serviços são importantes mas não essenciais para a sobrevivência da sociedade nesta pandemia. E se a Câmara e a prefeita assim determiná-los, então estarão promovendo uma baderna na ordem pública, criando mais uma falsa necessidade para a sociedade e deturpando o conceito de essencial para a vida coletiva. 




Carlos Jardel