A pandemia começa agora? - Revista Camocim

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

A pandemia começa agora?



Por Paulo Emanuel Lopes*


A pandemia de Covid-19 não dá descanso. Nossa população está cansada de tanta provação, em um país que já vinha com muita dificuldade econômica.


Qual seria o melhor caminho pra gente passar pela pandemia, sofrendo menos dificuldade econômica e menor número de mortes possível? Enfrentando a doença! Testagem em massa, vacinação, controle de quem teve contato com infectados… ou seja, seguir os conselhos de especialistas. Assim fizeram China, Nova Zelândia, Austrália, Mongólia, Vietnam, Coreia do Sul, entre outras nações que vêm se saindo bem na pandemia. E o que faz nosso Brasil? Tire suas próprias conclusões a partir da foto que ilustra este texto.


Confesso que estou bastante pessimista. Não apenas pelo quadro sanitário de uma pandemia, que já é terrível. Mas pela questão social, pelo negacionismo infantil que vive nosso país. 


Esta semana ouvi de um cidadão que a razão para os governadores fecharem os estabelecimentos é um plano para derrubar o presidente. Também afirmou que a falta de UTI não é problema, afinal “sempre foi assim”. De outro, ouvi que não devemos nos preocupar com o número de mortos, porque os médicos estão apontando a causa errada desses óbitos.


(Ou seja China, Índia, Rússia, toda Europa, EUA, Canadá, México, Argentina, Chile… países aliados e inimigos, todos que adotaram quarentena fazem parte, portanto, de um plano mundial para não deixar o nosso “mito” trabalhar. E por que os governantes iriam errar para mais o número de mortos? Mais fácil seria errar para menos...)


Sei que estas são opiniões isoladas, mas é assustador saber que não tanto. O Brasil se tornou vergonha alheia mundial.


A pandemia começa agora?


Em nosso país, a pandemia teve início “oficial” há um ano, no dia 26 de fevereiro, quando foi identificado o primeiro caso em São Paulo. E neste macabro aniversário, após 250 mil brasileiros mortos, eu gostaria de estar trazendo boas notícias para você, mas o céu está bastante turvo.


Em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Amazonas (7 dos 27 estados brasileiros), os números de mortes por semana de Covid-19 já ultrapassam os piores momentos de 2020 (1). O colapso que aconteceu em Manaus, neste começo de ano, parece se repetir por todo o País à medida que a nova variante, que seria mais transmissível, se espalha.


Não sejamos como nosso incompetente presidente: é melhor enfrentar uma realidade difícil a sonhar uma doce mentira. E para combater tanta desinformação, é importante começar do começo: o vírus não é uma invenção, nem essa história de pandemia começou agora. 


Pandemias e Epidemias


Em termos de saúde, este é o momento mais crítico que nosso mundo vive em 100 anos, quando irrompeu a pandemia de Influenza entre 1918 e 1920, que ficou conhecida como gripe espanhola. Mas ao contrário do que o nome indica, o primeiro surto da enfermidade foi identificado nos Estados Unidos, em um quartel de treinamento militar que preparava soldados para a Primeira Guerra Mundial (2).


(A palavra epidemia, aliás, se refere a um aumento repentino, ou seja, ao surto de uma doença com alcance regional; já pandemia é o termo que indica quando uma epidemia não está restrita a uma área geográfica específica, mas tem alcance mundial.)


Em primeiro de março de 1918, o primeiro soldado adoeceu de uma forte gripe (ele teria se infectado a partir de porcos criados na região) e, 14 dias depois, mais de mil militares já superlotavam os hospitais. Mas o então presidente dos EUA, Woodrow Wilson, ao invés de enfrentar o problema, preferiu censurar a imprensa, e a doença acabou correndo o mundo com o fim da guerra. Entre 50 e 100 milhões de pessoas morreram naquela pandemia (provavelmente H1N1), mais gente do que nas duas grandes guerras, juntas. Uma das vítimas foi o presidente brasileiro, Rodrigues Alves (2).


Em 1968 houve uma grande epidemia de gripe em Hong Kong, China, que matou cerca de um milhão de pessoas. E em março de 2009 foram identificados, no México, os primeiros casos da doença que ficou conhecida como Gripe Suína que, em pouco tempo, transformou-se na primeira pandemia do século XXI - cerca de 200 mil pessoas teriam falecido da doença (3).


O Sars-CoV-2 é conhecido como “novo” coronavírus por conta das duas epidemias anteriores de coronavírus. A SARS, em 2002, foi causada pelo coronavírus Sars-CoV. Grave doença pulmonar, teve também início na China e infectou pessoas na Europa, América do Norte e outros países asiáticos - cerca de 700 pessoas morreram naquele surto. Outro coronavírus, o MERS-CoV, foi responsável pela epidemia de MERS em 2012. Identificado originalmente na Arábia Saudita, Oriente Médio, esse coronavírus matou cerca de 2.500 pessoas em 27 países diferentes (4).


Essas duas epidemias de coronavírus, no entanto, não se transformaram em pandemia como esta que vivemos desde 2019. A razão, provavelmente, é que essa nova variante do vírus se adaptou para ser altamente transmissível.


Houve ainda, nesses últimos anos, epidemias de Ebola na África (o maior em 2014) e surtos isolados de gripe aviária e gripe suína. Nesta semana, a Rússia anunciou seu primeiro caso de infecção em humanos de gripe aviária (H5N1) (5).


Como podemos deduzir observando a história, a Covid-19 é só mais uma de tantas doenças presentes na natureza capazes de nos infectar. Se quer reclamar, critique Deus, não os governadores. E proteja-se.


1 https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/02/pico-atual-de-mortes-por-covid-19-supera-fase-mais-grave-de-2020-em-sete-estados.shtml 


2 https://saude.abril.com.br/blog/cientistas-explicam/gripe-espanhola-100-anos-da-mae-das-pandemias/ 


3 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52042879 


4 https://vidasaudavel.einstein.br/coronavirus/o-que-foram-a-mers-e-a-sars-epidemias-de-coronavirus-que-antecederam-a-covid-19/ 


5 https://super.abril.com.br/saude/russia-identifica-os-primeiros-casos-de-gripe-aviaria-h5n8-em-humanos/ 


*É jornalista e publicitário. Escreve às sextas.