74 mulheres foram vítimas de feminicídio em menos de 3 anos no Ceará - Revista Camocim

Clique na imagem e conheça nossos produtos e ofertas

Clique na imagem e conheça nossos produtos e ofertas


Clique na imagem e fale com a gente

Em Camocim, hospede-se nos hotéis Ilha Park e Ilha Praia Hotel. Clique na imagem e faça sua reserva




segunda-feira, 27 de julho de 2020

74 mulheres foram vítimas de feminicídio em menos de 3 anos no Ceará


Em dois anos e seis meses 74, mulheres foram vítimas do último estágio da violência doméstica no Estado do Ceará. Todas elas morreram em crimes nomeados pela lei como feminicídio, ou seja, foram assassinadas pela condição do seu sexo. Na maioria das vezes, os responsáveis pelas mortes foram seus próprios companheiros, que, em muitos casos, protagonizaram uma sequência de episódios violentos até se tornarem homicidas.

Foram 27 feminicídios no Ceará em 2018, 34 em 2019 e 13 no primeiro semestre de 2020, conforme estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Só neste ano, já foram registrados este tipo de crime nos municípios de Fortaleza, Sobral, Russas, Santa Quitéria, Juazeiro do Norte, Cedro, Ipueiras, Jaguaruana e Mauriti.

Ainda no mês de março, com o início da quarentena em decorrência da pandemia da Covid-19, as autoridades se preocuparam com possível aumento das ocorrências de violência doméstica e, consequentemente, feminicídios. Em outros países, já era percebido que com o isolamento domiciliar vítima e agressor passavam mais tempo convivendo juntos e estava mais difícil a mulher se desvencilhar das agressões.

Conforme a juíza titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Fortaleza, Rosa Mendonça, a preocupação esteve ainda mais motivada quando o Poder Judiciário passou a perceber que com a quarentena diminuíam os pedidos de medida protetiva.

O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) informou que, em todo o ano de 2019, foram deferidas 5.752 medidas protetivas no 1º Juizado. Destas, 2.849 foram no primeiro semestre do ano passado. Já de janeiro a junho de 2020, o número apresentou redução de 36%, caindo para 1.795.


Neste ano, os meses com baixas significativas foram abril e maio, períodos nos quais Fortaleza esteve em regime de lockdown devido à pandemia. Rosa Mendonça destaca que, infelizmente, a redução no número de medidas protetivas não significa menos casos de violência doméstica, e sim que menos vítimas procuraram as autoridades para denunciar os criminosos e pedir por proteção.

"Quando começou a pandemia foi verificado que nos países onde a pandemia começou aumentaram os índices de violência contra a mulher. Nos preocupamos que esta também seria a nossa realidade no Brasil. Em alguns estados do Brasil aumentou mesmo, mas no Ceará o número reduziu. Nós verificamos que a mulher, na realidade, não estava denunciando. Mês de abril teve redução de quase 70% nos pedidos de medida protetiva. É algo preocupante. A mulher não tinha como pedir ajuda com o agressor que estava ali do lado", explicou Rosa. Também segundo a magistrada, a medida protetiva é de extrema importância para evitar o feminicídio. A juíza acrescenta que a morte de uma mulher pelo seu companheiro é um crime anunciado, e não costuma acontecer "de uma hora para outra".

"Não sabemos se o fato de haver menos medidas protetivas implica diretamente em mais feminicídios. Mas o que percebemos é que na maior parte dos feminicídios as vítimas não tinham medidas protetivas. Precisamos dizer que mesmo no isolamento a mulher não está sozinha, há toda uma rede de acolhimento pronta para recebê-la", acrescentou a magistrada.

Nos casos de descumprimento da medida por parte do suspeito, a depender da situação, ele pode ser preso, ser monitorado por tornozeleira eletrônica ou ser convocado a uma audiência de advertência. A rigor, deve ser a própria vítima a solicitar na delegacia a medida protetiva.

Informações do Diário do Nordeste.