CAMOCIM - O CIRCO DOS ATLETAS - Revista Camocim

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terça-feira, 26 de setembro de 2017

CAMOCIM - O CIRCO DOS ATLETAS


Por Beto Siebra

No final da década de 70, época em que aflorava um novo espaço de divertimento, recreação e interação social em Camocim, o Centro Social Urbano de Camocim – CSU, local que muito me atraía naquela época por conta de sua estrutura, qualificação e organização do esporte e foi justamente por conta do desejo de participar das competições do CSU que eu, Beto Siebra, ainda garoto em conjunto com alguns colegas atletas fundamos nossa primeira equipe de futebol. Ora, naquele tempo, aleatoriamente agente se juntava na maioria das vezes pra jogar rachão de futebol lá no campinho de areia da prefeitura, no centro da cidade, sem compromisso algum. Porém, o nosso grupo passou a ser convidado, inicialmente pela diretoria de esporte do CSU, para realizar jogos amistosos com o time infantil de lá daquele centro, que por sinal possuía o melhor time dente de leite da cidade. Visando atender esse convite, nós que não possuíamos equipamentos, camisas e calções, tivemos que providenciar um. Logicamente que não existia vestes acabadas pra gente comprar no comércio local e que nos servissem de imediato, pois éramos criança. A alternativa criativa que nos restou, foi cada integrante do time adquirir sua própria roupa, que seria uma simples camisa de meia branca e que seria pintada a mão com pincel, portanto artesanal, pelas minhas duas irmãs mais velhas a Elenita Mota Lopes , Elenita Lopes, chamada Táia e a Waldira Siebra Lopes, que de imediato prontificaram-se a nos ajudar. Após essa etapa, resolvido o problema das camisas, surgiu um dilema, qual seria o nome dado a equipe e qual seria o símbolo. Isso surgiu porque, havia divergência de opinião dentro do nosso grupo, como por exemplo, uns torciam Ceará, outros Fortaleza, outros Flamengo e outros Vasco da Gama, enfim, confesso a vocês que tive uma certa influencia na escolha do nome do time que passou a se chamar Clube de Regatas Vasco Camocinense – CRVC, mas a equipe ficou conhecido mesmo como o Time do Pote, em virtude do símbolo muito bem escolhido que homenageava Camocim, e cujas camisas foram devidamente pintadas em vários dias com amor e carinho nas cores vermelho e preto. Nesse primeiro elenco que não possuía treinador, jogaram os filhos do saudoso vereador Ronaldo Benevides, Júnior e Paulo, eu, o Aécio, o Elzênio, meu irmão, o Ruy Ruy Cesar T. Viana, meu primo, o Cesário Melo, o Alberdan Moreira, o Júnior Praxedes, o Eliezer mototaxista e o saudoso Túlio que jogou como goleiro.
Com essas estimadas camisas vencemos alguns jogos importantes, mas confesso que nunca vencemos a equipe infantil do CSU que era o time melhor da época e que tinha o Sr. Aradir Silva como treinador e o atleta Francisco Ivan Mota De Oliveira como jogador. Essas camisas do símbolo do pote, bastante conhecidas e cuidadas, foram utilizadas por nós do final de 1978 até o ano de 1981, ou seja, entorno de pouco mais de três anos. Quando finalmente, após a saída de parte do elenco e sob a influencia de um atleta novato, filho de bancário, bom de bola, que se instalou na terra do coró, oriundo do Rio de Janeiro e se tornou nosso amigo e passou a integrar o nosso time causando uma revolução no futebol de salão infantil de Camocim e principalmente nos favorecendo com resultados positivos nos jogos, cujo nome dele é Wascelys Wagner Guimarães Sobral, o Neguinho, que resolveu nos incentivar a trocar o nosso uniforme que já estava desgastado, por um equipamento mais novo e a idéia que surgiu para conseguirmos recursos financeiros para comprar um equipamento novo da loja, baseado na sugestão do Wascellys, foi criarmos um Circo de diversão no quintal da nossa casa, ali na rua José de Alencar no centro, próximo aos correios, onde atualmente se localiza a loja Gênesis Móveis. Visando esse novo desafio o Circo dos Atletas, como ficou conhecido, porque adorávamos esporte, foi montado e meticulosamente pensado nas férias do mês de julho do ano de 1981. Logo-logo toda a organização e atribuições das tarefas do mundo mágico estavam estabelecidas, pois quem seriam os atores e figurantes do Circo eram todos nós, os próprios Atletas do time. Daí ser conhecido por nós como Circo dos Atletas. O espetáculo apresentado no picadeiro era maravilhoso, pois passávamos toda as manhãs e tardes no quintal ensaiando previamente com repetições às apresentações das noites. O circo tinha de tudo, palhaços, apresentadores, malabaristas, equilibristas, mágicos, saltadores, o homem borracha, cuspidor de fogo, bailarinas, bateristas, cantores e vigias. Os palhaços eram formados pelos atletas Jeová Jeova Vieira Vieira, Ruy Cesar e Aecio Silva. O grupo de Equilibristas, malabaristas e saltadores eram formados por mim, o Elzênio, meu irmão, e outros que se reversavam entre si. O mágico era o Wascelys Wagner e o homem borracha ou elástico era o Júnior Praxedes, o galego galã, ao qual chamávamos de Louro. O vigia era o meu primo Raimundinho Siebra e o grupo das bailarinas, que logicamente convidamos de fora e era a sensação do palco eram formados pela Rosemery Viana, minha prima, irmão do Ruy, a Silvana filha do Piragibe e a linda Mara Andrade que era a paixão de todos do circo. Olha pessoal confesso que isso trás muitas recordações boas e hilárias viu. Certa vez minha mãe, chegando na hora da apresentação, ao perceber o Elzênio lá no alto segurando no galho da goiabeira com os pés e de cabeça para baixo de cima da árvore fazendo o seu show de equilíbrio, ela incisivamente retrucou em voz alta, “menino desce daí” e isso foi o suficiente para a conquista da noite para o público que respondeu com barulhos de algazarras e sorrindo o resto da noite, pois minha mãe não sabia de nada que se passava no circo. Outra situação inusitada foi quando colocamos o Raimundinho para vigiar as pessoas que jogavam areias no palco na hora que as luzes se apagavam para apresentação do cospe fogo e ele no escuro localizou e identificou erradamente quem jogava terra no palco e acertou uma paulada na cabeça da pessoa errada, sendo que a pessoa que ele lesionou era um cidadão que tinha pagado o ingresso e essa atitude dele, gerou um certo tumulto e gargalhadas também. O Waldy Antonio Mota Lopes Lopes meu irmão foi responsável por um fato hilário no picadeiro, é que ele tentou fazer uma cena, bastante ensaiada por sinal, com o seu macaquinho, animal oriundo do maranhão que meu outro irmão trouxe de lá pra cá de caminhão, mas quando foi a noite, na hora da apresentação o macaco revoltou-se e mordeu o dedo do Waldy na frente das pessoas e eles saiu aos gritos de dor e todos sorriram com aquilo. E era assim, alegria-alegria que tudo se passava no nosso circo, nós nos divertíamos e simultaneamente alegrávamos os outros com os nossos talentos, pois nossa maior atenção no circo seria com nossas vestes e aparência no palco, como por exemplo, as pinturas dos palhaços, as perucas e as vestes das bailarinas, não visávamos somente o lucro, mas a recreação. Portanto, nossa despreocupação com a bilheteria foi o nosso erro crasso visando nosso objetivo, pois pela lógica, com o público a lotar as dependências do quintal todos os dias deveria existir dinheiro em caixa suficiente para ter lucro frente as despesas do circo, mas o que se constatou foi o contrário, pois a caixa do circo era a minha irmã Irani Mota Lopes, mais velha que nós, responsável pela contabilidade dos gastos e arrecadação do circo e ela, foi acusada por quase todos os integrantes do circo de mal gerenciar os recursos financeiros do nosso mundo mágico rsrsrsrsrsrsrrsrsrsrsr e foi justamente no dia que ela nos revelou que não havia dinheiro em caixa sobrando que o circo começou a definhar. Com aquela revelação da Irani, todos se sentiram desestimulados pra continuar, nós não tínhamos dívidas, mas também não auferimos lucro algum e isso ninguém admitia e o circo por conta disso acabou. Finalmente aquela idéia inicial de conseguir adquirir as camisas novas do nosso time através do circo foi por água abaixo. Tudo voltou a estaca zero. A situação continuava sem resposta, porém outra vez nos reunimos na tentativa de conseguir outra alternativa, para viabilizar o nosso objetivo, que era como eu já falei antes, comprar o equipamento do nosso time. Então o genial Wascellys num belo dia chegou com a proposta nova de pedirmos contribuição financeira no comércio e também para os nossos familiares e amigos. Daí, o Neguinhos naquela mesma noite elaborou uma lista numérica num belo papel de pautas e em seguida comentou a situação da gente com a mãe dele, a generosa Dona Bethe Guimarães. Ora ora minha gente, recordo bem que, naquela época, uma camisa de time custava entorno de CR$ 300,00 cruzeiros lá no supermercado 2001 do Sr. Tarcísio Melo, que ficava enfrente a minha casa e todos os dias eu estava vendo e revendo aquelas camisas, então no dia seguinte o Wascellys nos informou que a mãe dele doou pra nós a quantia de CR$ 1.000,00 cruzeiros, o suficiente para comprarmos três camisas de uma única vez e ainda sobrar dinheiro. Aquela atitude dela nos alegrou demasiadamente, estimulou-nos, tirou-nos da inércia e nos encorajou para seguirmos em frente. Então saímos pedindo, sensibilizando e arrecadando contribuições das pessoas na rua. O Sr. Rocha, chamado Totó, gerente do banco do Brasil, pra nossa felicidade, também doou CR$ 1.000,00 cruzeiros ao perceber a quantia e a assinatura da dona Bethe na folha de doadores, o meu pai doou R$ 300,00, o Dr. Xerez, o médico, também contribuiu e várias outras pessoas também ajudaram, como comerciantes e bancários. Lembro de uma cena emblemática que um saudoso comerciante, recém chegado a Camocim, instalado enfrente a caixa d`água, vizinho aonde hoje funciona a lotérica na Pça da prefeitura e que tinha o comércio “entupetado” de mercadorias e ao adentrarmos no recinto e pedirmos a sua contribuição, fomos literalmente “escrachados” por ele que aos berros nos expulsou de lá, dizendo em alta e marcante voz “Não venham pedir esmola aqui não” rsrsrsrsrssrssrsrsrsr isso foi hilário pra todos nós adolescentes que saímos correndo de lá aos pinotes rsrsrsrsrsrssrsrsr e saibam vocês que nessa época agente era bastante rápido viu rsrsrsrsrsrsrsrssrsr. Por fim, nosso intuito de pedir contribuição voluntária houvera dado certo, contrapondo-se a idéia anterior do circo que não evoluiu no nosso propósito, resultando este último em diversão. Assim após encerramos todas as visitas planejadas e ao contabilizarmos o arrecadado, o dinheiro somado dava pra comprar quase todo o equipamento possível, que seria por volta de dez camisas completas, ou seja, pra ser mais preciso no cálculo, dava pra comprar nove camisas somente, restava uma camisa pra ser adquirida ainda, pra gente fechar por completo o conjunto de camisas do time e assim finalmente poder jogar em campo grande como o estádio Fernando Trévia, por exemplo e também não termos que tirar mais a camisa do corpo para entregá-las aos reservas para poderem entrarem no jogo. Continuando, como faltava comprar a última camisa da equipe o Wascellys novamente teve outra idéia brilhante, ele planejou e agendou uma visita ao saudoso deputado Murilo Aguiar, ali na sua residência na rua Senador Jaguaribe, que ficava enfrente a casa do Wascellys, pois era época de campanha eleitoral pra prefeito em Camocim, disputado entre os candidatos dona Ana Maria Veras e o coronel Libório Gomes da Silva e o Sr. Murilo, como era conhecido, atendia as pessoas com freqüência na sua residência, mas os adultos, não atendia as crianças como nós não né!? Mas ele não desistiu e marcou agendamento pra sermos atendido e pra conversar com o saudoso político. Então no dia do agendamento da visita lá estava eu e o Wascellys, rsrsrsrsrsrsrsrsrrsrsrs dois garotos, devidamente arrumados, cheios dos argumentos e de lista de doação na mão para sermos recebidos pelo velho e educado deputado. Finalmente no final da noite, após longa espera entre os populares, ele nos recebeu, fomos os últimos a serem atendidos por ele e após sensibilização e conversa minuciosa dele conosco, pois o experiente parlamentar queria nos conhecer melhor e também se informar de como funcionava o atendimento social do município de Camocim pra nossa faixa etária e se éramos satisfeito com aquilo que o poder público ofertava de esporte pra nós. Depois de longo diálogo o Sr. Murilo, o Carequinha, também efetuou, pra nosso delírio e além do esperado por nós, uma doação de CR$ 1.000,00 Cruzeiros. Ora aquela quantia ofertada ultrapassou todos os limites do necessário e isso nos alegrou por demais. Então finalmente cheios de entusiasmo no dia seguinte fomos todos ao supermercado adquirir e experimentar as novas camisas do time, cada garoto escolhendo a sua camisa. O time escolhido por todos e dessa vez por consenso, foi o Cruzeiro, que possuía as cores azul e banco, pois éramos fã da equipe adulta que existia aqui em Camocim naquela época e que também era repleto de craques e que se situava no bairro de mesmo nome, o Cruzeiro. Com essas camisas incríveis do Cruzeiro e que muito nos marcou, nós não perdemos nenhum jogo sequer que disputamos com ela, vencemos todos os embates e adversários, foi uma camisa realmente invicta em toda sua trajetória de sucesso. Bom! pra encerrar o nosso conto, voltando aqui um pouquinho ao restante da história das doações, como restou dinheiro em caixa, pois o velho Murilo dou dinheiro a mais do que o suficiente e que dava pra adquirir três camisas, quando na realidade, só precisávamos de mais uma, todos nós, em conjunto, decidimos ir lanchar com o dinheiro que sobrou oriundo também com a soma dos desconto que obtivemos na lanchonete do Zé Feitosa irmão do Airton Feitosa ali enfrente a praça do mercado público, onde cada um de nós felizes por demais pedíamos os mais fartos e variados lanches, sucos e vitaminas que a lanchonete podia ofertar, do mais caro ao mais simples, foi um verdadeiro banquete e nós merecíamos aquilo tudo, principalmente devido o nosso esforço e criatividade. Nossa alegria foi completa e se tornava maior ainda porque estávamos vestidos com as camisas novas do Cruzeiro. Após essa festa organizamos um brilhante campeonato no campinho da prefeitura e lá nessa nova competição também estavam participando outros times importantes da cidade, inaugurando seus equipamentos novos e lindo também, como exemplo cito o time com as cores do palmeiras, cujo amigo Erisvaldo Rodrigues jogava e a equipe dele ficavam se organizando na calçada da igreja matriz de Camocim pra jogar conosco, aquilo que vivíamos era emocionante pra todos nós, época do futebol clássico em todo o Brasil. Essa história foi verdadeira. Aconteceu conosco. .