Entenda o escândalo envolvendo o Facebook e o risco que todos nós corremos - Revista Camocim

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sexta-feira, 23 de março de 2018

Entenda o escândalo envolvendo o Facebook e o risco que todos nós corremos


O primeiro ponto é o erro do Facebook em não ter protegido a privacidade na sua rede social, possibilitando o uso de aplicativos sem conhecimento das consequências do acesso desta ferramenta à sua base de dados e como esses dados seriam utilizados. Essa prática, por si, desfaz o acordo fechado em 2011 com a FTC, a Comissão Federal do Comércio dos EUA. 

As razões para este acordo remontam dois anos atrás, em 2009. À época, a rede social tinha sido acusada por várias organizações de defesa do consumidor por violar dados de internautas. A assinatura do acordo veio como uma forma de não cumprir punição. 

Dentre os compromissos, estavam a criação de um programa de privacidade para assegurar a confidencialidade das informações; transparência e honestidade com os usuários sobre como os dados são usados; não compartilhamento de informações de usuários com terceiros. O fato de a Cambridge Analytica ter tido acesso a informações de 50 milhões de pessoas, por meio de um aplicativo, mostra que o Facebook não seguiu nenhum dos compromissos. 

Como isso mudou os rumos das eleições americanas? 

O aplicativo - aqueles de testes de personalidade, por exemplo - fazia perguntas pessoais, a exemplo do quão extrovertida ou vingativa uma pessoa poderia ser, se costuma terminar projetos ou se gosta de artes.

A partir disso, um algoritimo buscava relações entre as características pessoais, pontos de vista políticos específicos e uma série de outras variantes.  

Com informações da personalidade dessas pessoas em mãos, eram enviadas mensagens, notícias e imagens pelo Facebook que atingissem pontos estratégicos de cada eleitor e influenciasse a votar em Donald Trump.

Os envolvidos no caso

Tudo começou em junho de 2014, quando o professor Aleksandr Kogan, da Universidade Cambridge, no Reino Unido, criou um teste de personalidade no Facebook com o pretexto de conduzir um estudo psicológico de usuários. Mesmo que só 270 mil pessoas tenham feito o teste de Kogan, o sistema permitiu que sua equipe visse o perfil de 50 milhões de usuários, pois também captava as informações de todos os amigos delas. As informações foram transmitidas para a Cambridge Analytica. 

O CEO da Cambridge, Alexander Nix, foi retirado da função de presidente da empresa após a rede de TV britânica Channel 4 revelar que Nix se gabou de seus métodos para despotencializar um adversário político. 

O terceiro personagem do caso é Christopher Wylie, um canadense de 28 anos que relatou ao jornal The Observer como teve a ideia de relacionar o estudo de personalidade ao voto político. Isso o fez ganhar emprego na Cambridge Analytica. De acordo com Wylie, os dados vendidos à Cambridge Analytica teriam sido usados para catalogar o perfil das pessoas e, então, direcionar, de forma mais personalizada, materiais pró-Trump e mensagens contrárias à adversária dele, a democrata Hillary Clinton.

Para tudo isso acontecer, o esquema precisava de um financiador. Neste ponto da história, entra o empresário Robert Mercer, de 71 anos. Sua fortuna é oriunda de fundos de investimento. Ele é um dos mais relevantes doadores do Partido Republicana - sigla de Donald Trump. Ele investiu na Cambridge Analytica aproximadamente US$ 15 milhões. 

Por último vem o conselheiro próximo de Trump. Conforme o The Observer, ele estava no comando da Cambridge durante toda a campanha do presidente americano.  

"Usuários são cúmplices"

O jornalista Zulfikar Abbany, da agência de notícias alemã DW, é radical em seu posicionamento. Para ele, a rede social não deveria ser usada, e usuários também são culpados por violações de dados. "Assim como um dependente químico não pode culpar apenas o traficante, os usuários do Facebook não podem culpar apenas o Facebook. Cada violação de dados é iniciada no momento em que se faz o login online – mesmo protegido por uma rede virtual privada (VPN)", afirma em artigo.

No artigo, em tom debochado, ele diz não se importar com o fato de Facebook ter implementado táticas de vigilância para aumentar seu poder de publicidade. "Ou com o fato de que mais de 2 bilhões de usuários ativos mensais do Facebook escancaram suas vidas na rede. Por quê? Pois todos os usuários são cúmplices", sustenta.  

Ele ainda ironiza os relatos de que Zuckerberg sofreu um impacto pessoal de 6 bilhões de dólares no dia seguinte à revelação do abuso de dados de usuários. "Coitado! Se eu me importo? Fala sério", escreve o Abbany. 

Para ele, que define o criador do Facebook como cínico, a solução que seria simples, excluir a conta, torna-se dificultosa. "Tente encontrar o botão "excluir conta" no Facebook – ou em muitos outros aplicativos – e entenderá o que quero dizer. Além disso, há precedência: olhemos para o escândalo fiscal da Amazon. Alguma intervenção governamental consertou isso? Dificilmente", argumenta. 
   
Punição 

Agora, a rede social de Mark Zuckerberg pode ter de arcar com multa de mais de R$ 130 mil por cada usuário prejudicado. A estimativa é de que a multa fique em US$ 2 trilhões, aproximadamente quatro vezes o valor de mercado do Facebook.  

Redação O POVO Online,
com agências