A Piriquara - Revista Camocim

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segunda-feira, 5 de março de 2018

A Piriquara


Por Roberto Siebra

Em meados dos anos 80, eu, Beto Siebra, ainda adolescente e outros amigos de Camocim, tomamos conhecimento da existência de um lugar paradisíaco, totalmente deserto e que continha um balneário de águas profundas, belíssimas e encantadoras, que se localizava na vizinha cidade de Granja, mais precisamente no rio Coreaú, e que se distanciava entorno de 5 Km da sede do município, seguindo rio acima na direção do interior, denominado de “A Piriquara”.  Pois bem, naquele tempo, nós que gostávamos de aventuras, imediatamente nos interessamos em conhecer o tal lugar misterioso. Relembro, como se fosse hoje, a primeira vez que fui à Piriquara, seguindo uma trilha e lá pude deslumbrantemente contemplar a beleza e a magnitude de um local tão lindo e maravilhoso, rodeado de matas ciliares, encravado no leito do grande rio, que deságua na foz do rio da Cruz. Inicialmente nossa ida a esse lugar bonito, deu-se na companhia de membros da família, ou seja, meus irmãos e colegas mais próximos, onde fazíamos nosso deslocamento em uma camionete de propriedade do meu pai. Lembro também, que sempre que chegávamos a Piriquara, era costume a nossa dupla travessia inicial nadando, que por sinal, efetuávamos com bastante facilidade, ou seja, passávamos de uma margem a outra nadando e em seguida retornando a margem inicial, mas em outro local distinto da partida, que era justamente a forma mais fácil de chegarmos ao melhor local do banho, que era a enorme rocha, que de tão alta, servia de obstáculos aos transeuntes, impedindo o acesso fácil dos andantes, ou seja, o melhor percurso era mesmo nadar rio abaixo para se chegar a grande pedra encantada.  Ora ora! Falo pedra encantada porque, Piriquara é uma palavra indígena de origem tupi que significa, “Poço dos Juncos”, que traz várias lendas dos povos antigos a respeito do lugar, como exemplo podemos citar, a existência de uma caverna subterrânea na enorme pedra submersa, onde mora a Mãe D’água, que em noite de lua cheia, sai de sua toca e vem pentear os cabelos sob o reflexo das águas e emitindo sons, cujas canções atraem os pescadores e os leva ludibriados para as profundezas da sua morada. O homem cuja sereia se apaixonar, ela o devolverá a vida e ele se tornará no maior pescador de peixes do rio, em número e em qualidade dos pescados, mas sob a condição deste pescador não usar proteção nos ouvidos, quando pescar em noites de lua na Piriquara, como fazem os demais pescadores que colocam algodão nas orelhas para evitarem serem atraídos pela Mãe D’água. Assim, a sereia namora sempre o melhor peixeiro nas luaradas  (risos). Outra estória que se comenta é que a Mãe D’água gosta da tranqüilidade e quando o silêncio é quebrado ou algo estranho está na iminência de acontecer, devido à presença de estranhos, a sereia no intuito de defesa, ordena a mudança na vegetação para os indivíduos se perderem na mata e também impera a revolta nas águas do rio Coreaú, que se tornam perigosas, repentinamente volumosas, rápidas e inesperadamente também as águas começam a emitir barulhos esquisitos, roncados e assovios na tentativa de avisar possíveis afogamentos. Há também relatos de escritas de origem pré-históricas gravadas na grande rocha, cujos indígenas do passado atribuíram ser um código e aquela pessoas que conseguisse decifrar o enigma, herdaria um tesouro escondido na gruta submersa e quem conseguisse descobrir, ficaria muito rico com o ouro escondido dos índios. Ufa! Continuando pessoal, há quem diga ainda que as águas da Piriquara nunca secaram, devido a sua grande profundidade, resistindo  até mesmo as piores secas já registradas na região e que foi justamente baseado nisso, que uma certa vez, naquela década,  eu e meus irmãos, Waldy Antonio Mota Lopes e  Joao Batista Mota Lopes Siebra, planejamos tentar medir as profundezas das águas da Piriquara e para isso, levamos da terra do Coró, uma imensa corda entorno de uns 15 metros e amarramos uma grande pedra na ponta da corda e submergimos o artefato no ponto considerado por nós, o mais profundo de lá, mas não obtivemos êxito algum em nosso intento, aumentando ainda mais o nosso receio das águas do entorno da pedra, pois ficamos bastante perplexos, por saber que se tratava de uma medida mais profunda do que imaginávamos, pois a grande corda não chegou a tocar o fundo do poço e  ficou inconclusivo o nosso propósito, surgindo daí várias insinuações entre nós, para explicar o ocorrido da nossa medição. Portanto pessoal, foi assim que desbravando um local agradável como a Piriquara e respeitando os limites da natureza e da segurança que o local requer, que brincamos muito nas suas águas, a tal ponto de simplesmente divulgarmos bastante os encantos do lugar naquela década, para a juventude Camocinense amiga, repercutindo de tal maneira que no final dos anos 80, um grupo de colegas daqui de Camocim, naquele período, decidiram organizar um grande passeio, estilo piquenique com um número grande de pessoas entorno de quarenta ou mais, entre homens e mulheres, deslocando-se divididamente em três camionetes e motocicletas, sendo eu o escolhido por eles, para ser o guia do grupo ao destino traçado. Quem lembra aí pessoal desse dia do Passeio da Piriquara?  (risos) Gilvan Trevia, Rogerio Araujo,  Suelly Araujo, Expedito Inácio Filho. Pois bem, lembro como se fosse hoje a nossa partida em grupo para a Piriquara, um belo dia de sábado de sol, os carros todos lotados e eu bastante emotivo para apresentar o lugar para todos aqueles que desconheciam. E assim partimos numa grande algazarra, pense! (risos).  Porém, havia algo diferente naquele dia, a começar pela mudança na vegetação, pois eu, apesar de conhecer tudo na palma da minha mão, fiquei desorientado na mata sem conseguir inicialmente encontrar a trilha, somente conseguimos achar a mesma após diversas tentativas, assim, após encontrada a rota, chegamos naquele paraíso. Mas, como eu falei antes, que havia algo estranho naquele sábado, nós nos deparamos com uma Piriquara totalmente estranha, coisa que eu já mais havia presenciado, ou seja, além da mata diferente que se assemelhava a labirinto, pois nos desorientamos nela, as águas estavam agitadas, barulhentas e volumosas a ponto de nos intimidar na nossa travessia do rio como de costume, pois este se encontrava cheio até a tampa e arrastando tudo. Restou-nos, duas alternativas, ou embrenhávamos no mato circulando a grande pedra, visando descobrir uma nova trilha mata adentro, subindo e descendo a rocha pra chegar no melhor local do banho ou descaíamos nadando diretamente para a grande pedra, aproveitando a correnteza do rio abaixo, entorno de uns trezentos metros do local que nos encontrávamos. Para o grupo, essa decisão foi muito difícil e causou ruptura de opções, pois parte do grupo decidiu tentar descobrir uma rota por terra, que eu desconhecia, rumo ao topo da pedra e a outra parte do grupo, resolveu ir nadando mesmo. A princípio eu não acreditava que o grupo que foi por terra chegasse ao topo da pedra, mas eles conseguiram depois de muito tempo e esforços. Por não acreditar na rota por terra e por nadar muito bem, decidi ir nadando juntamente com a grande maioria das pessoas do grupo. E foi nadando tranquilamente naquelas águas agitadas e traiçoeiras que o prenúncio de uma tragédia se fazia anunciar, porém foi evitada. Tudo ocorreu porque o Jander Santos, que nadava calmamente conosco avisou que estava se afogando e tentou nervoso aportar em um dos nossos amigos, já pensou? Então conseguimos acalmar o Jander, que estava em desespero, entretanto o Gildo, irmão do Jander, queixou-se que estava também em afogamento e após isso mais outro integrante do grupo que estava nadando sinalizou que tava tendo grande dificuldades de nadar e estava afundando. Que loucura, tudo aquilo que aconteceu foi um "deus nos acuda"m viu pessoal,I  parece até que a mãe d’água estava querendo levar um bonitão pras profundezas pra namorar com ele né? (risos). Diante daquele avexame tivemos que ter bastante perícia para evitar o trágico incidente, mas conseguimos. Daí em diante, tudo foi muito bom no nosso piquenique na Piriquara até volta pra casa. Mas confesso que eu tinha um grande desejo que se assemelhava a estória da Mãe D’água e o pescador que namoravam em noite de lua na Piriquara e que eu pude finalmente realizar na última vez que eu estive presente na Piriquara no final da década de 80, pois até hoje, nunca mais retornei lá. É que neste último dia que visitei a pedra encantada, em 1988, fui de motocicleta, sozinho com a Eliane e lá ficamos o dia inteiro dando inúmeros cangapés e longos beijos, eu simulando o pescador e a Eliane Dantas Pereira a minha sereia, mas em dia de sol né! Pense numa diversão!  Essa história foi verdadeira aconteceu conosco