CONCURSOS: VENDE-SE UM SONHO! - Revista Camocim

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terça-feira, 11 de junho de 2013

CONCURSOS: VENDE-SE UM SONHO!

Como o próprio título do post sugere, o capitalismo toma conta de tudo, tudo se pode e se deve comprar, mas este meio de vida chegou em um ponto onde nunca deveria ter chegado: o mundo dos sonhos. Em um país onde a cultura é Deus por todos e cada um por si, onde mais vale ganhar algo fixo, sem riscos e produzindo pouco, do que contribuir para a sociedade de outra maneira. O sonho de quase todo brasileiro é ser um funcionário público, em vez de uma pessoa empreendedora ou algum cientista atuante que possa fazer algo que mude a realidade local.
Pois bem, as pessoas não têm nem culpa de querer ser servidor público. Pois no modelo social brasileiro, quem não quer ter um salário fora do padrão, mesmo que sem aumento real com o tempo, sem poder ser demitido, sem ter muita cobrança e ainda ser visto pelas pessoas como um vencedor? Quem não queria, oxente? Então, com este afã de todo mundo querer entrar nesse ramo, surgiu uma espécie de classe profissional: o concurseiro. São pessoas com bom nível de estudo, que dedicam quase todo o seu tempo livre para atividades em prol de ser aprovado em alguma prova, para obter u
m cargo público, abdicando de uma vida sociável e até algum emprego, quando possível. Mas o problema é o negócio que isso virou. O Governo inventou uma coisa chamada "cadastro de reserva", onde as pessoas que ficarem neste limite, teriam a expectativa de serem chamadas quando o Estado bem entendesse. Ou então não chamar, até "caducar" o concurso.
Mas por que fora citado o capitalismo no começo do texto? Primeiro, vamos aos valores exorbitantes das inscrições, onde a maioria beira os 100 reais, valor que nem todo mundo pode pagar. O sábio Governo, com este cadastro de reserva, faz com que poucas pessoas sejam nomeadas, mais estudantes entrem na luta para serem providos de cargos, para que novos editais abram, arrecadando mais grana com novas inscrições. Maravilha, né?
Segundo, pra mim, a parte mais podre. Com a demanda cada vez maior e cada vez mais imposto pelo nosso modelo social, o mantra de que "A melhor forma de vencer na vida é passar num concurso", o mercado de concursos virou um grande negócio: Se criaram e se criam  várias redes de ensino, lideradas por pessoas que já conseguiram quebrar a barreira e já ocupam algum cargo público, que passam dicas para obter melhores resultados nas provas. Tais profissionais oferecem cursos a valores fortes e até proferem palestras, também por cachês nada modestos. Ou seja, qualquer pessoa pode realizar o seu sonho de ser um empregado do Governo, desde que pague por isso, e que pague caro.
E nessa "parceria", voluntária ou não, entre Poder Público e Empresas de Concursos, só tornam mais árdua a tarefa do brasileiro de vencer na vida. Onde para vender a ideia de que se deve trabalhar para o Estado como servidor, utilizam-se de salários astronômicos, que o próprio cidadão, bancaria com impostos altíssimos, que "apunhalam" o coitado do trabalhador, e porque não, o coitado do empresário. Empresários, que são os que movimentam a economia, empregam a maior parte da população, e que financiam esta "farra do dinheiro público" com salários altos e pagamentos de bancas aplicadoras de provas que nunca deixam de acontecer, porque o Governo deste país nunca oferece as vagas necessárias.
Enfim, é difícil remar contra a corrente, onde o inerte servidor público é um campeão e modelo de vida, enquanto o empreendedor é um mero lunático. Se vivemos em um lugar onde se vendem e se compram sonhos, alguma coisa tá errada.

Paulo Monteiro Júnior
Fonte: http://www.paulomonteirojr.com.br/