Deputados da atual legislatura, para além da preocupação com as mudanças na
legislação eleitoral e a crise política, estão receosos com nomes de pré-candidatos
à disputa de outubro que despontam como favoritos ao pleito eleitoral. Uma
dezena de neófitos e outros de longa carreira política devem postular um dos 46
assentos da Assembleia Legislativa, o que tem feito com que parlamentares
fiquem preocupados, principalmente, com espaços que podem perder em seus
colégios eleitorais.
A reclamação feita no ano passado por alguns governistas quanto à "invasão" de
suas cidades por parte secretários do Governo Camilo Santana (PT) foi motivada,
justamente, por receio de que as incursões dos gestores prejudicassem a
reeleição de parlamentares. A principal crítica de deputados entrevistados pelo
Diário do Nordeste diz respeito ao modo como suas bases estão sendo utilizadas
por postulantes à Assembleia, que estariam se apropriando da máquina pública
para propagarem suas eventuais candidaturas.
> Ausência de critérios motiva 'banalização' de candidaturas
Nos corredores da Assembleia, alguns nomes são dados como certos na disputa,
inclusive com chances reais de eleição. A irmã do ex-governador Cid Gomes, Lia
Gomes, tem sido citada como postulante forte, assim como o filho do ex-deputado
estadual Welington Landim, o ex-prefeito de Brejo Santo, Guilherme Landim, o
secretário do Governo do Estado Fernando Santana, o chefe de gabinete do
prefeito Roberto Cláudio, Queiroz Filho, e o presidente da Câmara Municipal,
Salmito Filho.
Outros vários nomes são citados constantemente nas rodas de conversas dos
deputados no plenário da Assembleia Legislativa. Eles incluem o ex-prefeito do
Município de Juazeiro do Norte, Raimundo Antônio de Macêdo, o "Raimundão"
(MDB); o ex-prefeito de Granja, Romeu Aldigueri; além da ex-prefeita de Tauá,
Patrícia Aguiar (PSD); da esposa do prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PMB),
Érica Amorim (PSD); e, mais recentemente, o vereador de Fortaleza Soldado
Noelio (PR), que receberá o apoio de Capitão Wagner (PR) para ocupar vaga na
Casa
Câmara
Além de Wagner, os deputados Rachel Marques (PT) e Robério Monteiro (PDT)
estão se articulando para serem candidatos a deputado federal. Já o presidente do
Legislativo, assim como em 2014, é estimulado por seus pares a viabilizar uma
candidatura majoritária. Diante disso, o cargo de vice-governador tem sido
sondado pelos governistas.
Para o segundo-secretário da Assembleia, deputado João Jaime (DEM), a maior
preocupação dos candidatos à reeleição é de que a disputa deixe de ser igualitária
por influência de forças externas. "Não tenho preocupação com novos candidatos,
o problema é quando um secretário utiliza a Secretaria para fazer uso político e se
beneficiar em detrimento de outro candidato da base", reclamou.
Walter Cavalcante (PP), que acredita em uma renovação de 50% na Casa, afirmou
que não vê problemas em novas lideranças políticas se colocarem para a disputa.
Ele sustenta, porém, que aqueles que atuaram de forma eficiente em seus
mandatos serão reconduzidos ao cargo.
Segundo levantamento do Diário, todos os 46 deputados disputarão algum cargo
eletivo neste ano. Renato Roseno (PSOL) e Mário Hélio (PDT) chegaram a dizer
que não tentariam reeleição, mas já voltaram atrás na decisão. Para o pedetista
José Sarto o rearranjo é natural, ainda que cause algum incômodo, visto que há
divisões de apoiamento em alguns municípios. Ele aposta em uma renovação de
60% ou mais na Casa.
Sérgio Aguiar (PDT) confirmou que o fato de nomes de fora do Legislativo estarem
se fortalecendo como lideranças têm incomodado parlamentares. "Creio que
temos uma dezena de novos nomes que estarão figurando nas cadeiras do
Parlamento a partir de 2019. Podemos chegar ao número de 32 reeleitos, e umas
14 caras novas", disse ele, que aposta em renovação menor do que a do pleito de
2014.