A máquina religiosa ditando rumos obscurantistas. - Revista Camocim

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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A máquina religiosa ditando rumos obscurantistas.

“Todos contra todos – o ódio nosso de cada dia” do Leandro Karnal. 

 Pastor Marcelo Gomes, da Igreja Betesda de Sobral-CE

É preciso pavimentar o caminho para o que haverá de se dizer. Eu como pastor, líder religioso vejo e sinto o que é exclusão, racismo, ódio, desprezo pelo pobre, frieza e indiferença. Portanto, minha reflexão procura encarnar-se na tragédia real das pessoas.

O que me causa perplexidade é perceber que toda essa situação de retrocesso de vida em todos os sentidos, vem sendo azeitada pela máquina religiosa no Brasil. A igreja teria que ser um espaço que nos humaniza e não nos bestializa. A fé verdadeira é conhecida pelo relacionamento imparcial com as pessoas. Jesus não valorizava as pessoas pela cor da pele, dos olhos, beleza das roupas, condição financeira, cultura, classe social, religião, sexo ou idade. Eu me pergunto:

Que espiritualidade é essa em que as pessoas são super-religiosas, super-espirituais, mas ao mesmo tempo são super intolerantes, preconceituosas, intransigentes e ríspidas com o outro? Torna-se inaceitável uma igreja que despeja ódio em nome do amor.

Os teóricos da religião precisam  conscientizar-se que vivem em sociedades complexas; é preciso conviver com os diferentes. Então, não se enganem, existe uma produção de discurso de ódio, que só alimenta preconceitos, indiferenças, racismo, segregação, exclusão, intolerâncias, que mata o amor nas pessoas. 

Os discursos que as mulheres são inferiores aos homens. Os discursos que os homossexuais precisam de cura; que tem demônios no corpo; que são aberrações; que isso é anti-natural; que eles merecem o “inferno”. Os discursos que os negros são amaldiçoados; os discursos que demonizam a religião e cultura afro.

No construto do movimento evangélico, usa-se de Deus para justificar seus preconceitos. Assuma suas neuras, não fique projetando em Deus os preconceitos que são seus. Reconheça seu racismo, sua homofobia, seu machismo. Mas não use a Bíblia para sacramentar seu ódio, assuma todos os seus preconceitos, tenha consciência de que eles são destrutivos e conspiram contra a vida.

Nós vivemos em uma época marcada por selvageria, rudeza e intolerância. Existe uma agenda hipócrita e um rigor moralista. Há uma narrativa de intolerâncias. Este é o clima, o ar um tanto abafado.

Gente de pele branca, racista em relação a pessoas de pele negra. O racismo de gente de pele negra com pessoas de pele branca. Achamos que todo muçulmano é terrorista. Católicos são preconceituosos com evangélicos, e por sua vez, evangélicos são preconceituosos com católicos. Achamos que todo homossexual é pervertido e os homossexuais acham que todo cristão é intolerante e odioso. “Todos contra todos – o ódio nosso de cada dia” do Leandro Karnal. 

O Brasil é uma sociedade classista. Ano passado nós tivemos jato d’água em cima de moradores de rua e ração para pobres. Existe hoje no Brasil um preconceito, um ódio social, em que as pessoas não gostam de roçar ombro com aqueles de classe econômica, que eles consideram inferior.

Quer dizer, que mundo é esse que nós estamos construindo? Que você não consegue conviver, coexistir com pessoas que são diferentes de você. Não podemos tratar ninguém como de menor importância. Ninguém tem que ser rejeitado porque é negro, pobre; africano, índio, mulher, nordestino, homossexual ou deficiente físico. O discurso que menospreza o outro com base em preconceitos, mata. Nós não podemos pisar e negar os direitos de ninguém. Não podemos considerar ninguém inferior.

Todo e qualquer ser humano, tem o mesmíssimo valor e a mesmíssima dignidade diante de Deus, independentemente de sua raça, credo, gênero, de sua classe social ou do seu time de futebol. 

O ambiente escolar costumar ser cruel com os diferentes. É alarmante o número de suicídios entre adolescentes e jovens por não suportarem o bullying sofrido na escola. São fatos cada vez mais frequentes, apesar de nem sempre ter a devida cobertura midiática. Mortes que poderiam ter sido evitadas com menos ódio e preconceito.