Políticas contra drogas: uma batalha perdida dia após dia - Revista Camocim

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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Políticas contra drogas: uma batalha perdida dia após dia

Fortaleza registrou, entre os meses de janeiro e julho deste ano, 928 homicídios ou lesões corporais seguidas de morte. Do total, 84% das vítimas guardavam entre si semelhanças para além da morte. Conforme estudo inédito realizado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), pelo menos 779 pessoas que perderam a vida nesse intervalo tinham envolvimento, direto ou indireto, com drogas.

O levantamento trouxe à tona fato que até então permanecia no campo da subjetividade: a influência do tráfico ou consumo de entorpecentes na prática de crimes. Explica ainda o recrudescimento da violência na Capital, cujos territórios são disputados por facções criminosas que exercem o tráfico. Por fim, estabelece, para 2017, a expectativa de se tornar o ano mais violento da história no Ceará.

Mais do que isso, as estatísticas dimensionam o tamanho do fracasso das políticas públicas sobre drogas, cuja ineficiência, nos âmbitos municipal, estadual ou nacional, mantém as estatísticas de criminalidade há muito tempo em níveis alarmantes.

Conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, somente em 2016, foram registrados 61.619 assassinatos em território brasileiro. Foi o pior resultado da história. Em média, sete pessoas foram mortas a cada hora. Um verdadeiro extermínio diário que tem como pano de fundo o comércio ilegal de drogas.


Enquanto os governos ainda debatem, sem consenso ou clareza, a diferenciação entre viciados e usuários, a definição dos modelos ideais de internação e tratamento dos dependentes químicos, ou ainda a possibilidade de descriminalização, seja do porte, comércio ou uso de entorpecentes, os braços do tráfico avançam sobre comunidades das periferias, ocupam a ausência dos estados e dominam territórios.


Fator facções

No Ceará, o número de homicídios em 2016 se manteve na contramão do crescimento nacional e apresentou redução de 15,2% — queda atribuída também às alianças entre facções criminosoas, assunto discutido pelo O POVO em série de reportagens publicada entre os últimos dias 8 e 11 de outubro, intitulada Guerra nos Territórios. Entretanto, até o fim de dezembro, a expectativa é que o Estado registre um novo recorde no número de assassinatos, com mais de 5 mil mortes.

Por sua vez, Fortaleza também apresentou melhora nas estatísticas de 2016. Após figurar por muitos anos no topo do ranking das capitais mais violentas do País, a Cidade caiu para a 14ª posição no ano passado — resultado também influenciado pela trégua criminosa. Já este ano, de janeiro a setembro último, houve 1.433 homicídios, número que já supera em 42% as mortes ocorridas ao longo de 2016.

A combinação de resultados, demonstrada em números, além da situação degradante dos usuários, comumente encontrados nas sarjetas da Capital, revelam, de maneira cabal, que as políticas públicas, sejam de enfrentamento ao tráfico ou de prevenção ao uso de drogas, falharam.

Para discutir as medidas adotadas, O POVO inicia hoje a série de reportagens Drogas — O Fracasso das Políticas. A partir do cenário de Fortaleza, traçamos um panorama das ações encampadas até agora e discutiremos, além da ineficiência das mesmas, a necessidade de uma articulação nacional efetiva para a área.

O Povo