PAPA FRANCISCO RETOMA FORMULAÇÃO MAIS ORIGINAL DO CRISTIANISMO: DEUS SÓ SABE AMAR - Revista Camocim

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domingo, 11 de junho de 2017

PAPA FRANCISCO RETOMA FORMULAÇÃO MAIS ORIGINAL DO CRISTIANISMO: DEUS SÓ SABE AMAR


Passou relativamente despercebida, mesmo aos católicos, uma frase que o Papa pronunciou na Audiência Geral da última quarta (7) no Vaticano segundo a qual Deus é “capaz somente de conjugar o verbo amar”. Com ela, Francisco retoma a formulação mais original do cristianismo, esquecida/perdida ao longo de séculos pela Igreja institucional e combatida pelos segmentos do conservadorismo católico e cristão em geral. Ela é um divisor de águas. Qualquer apresentação de Deus que se traduza em advertências, proibições, discriminações e condenações, desde a casais divorciados a gays, a comunistas ou a muçulmanos são falsificações de Deus. Não passam de projeções dos recalques e desejos de controle e poder daqueles que condenam. Saiba mais sobre esta formulação e suas consequências  lendo AQUI no blog  "Caminho Pra Casa" ou continue lendo na íntegra no link abaixo.


Passou relativamente despercebida, mesmo aos católicos, uma frase que o Papa pronunciou na Audiência Geral da última quarta (7) no Vaticano segundo a qual Deus é “capaz somente de conjugar o verbo amar”. Com ela, Francisco retoma a formulação mais original do cristianismo, esquecida/perdida ao longo de séculos pela Igreja institucional e combatida pelo conservadorismo católico e cristão em geral.

Deus só sabe conjugar o verbo amar.

A expressão inspira-se naquela que é a tentativa mais ousada na Bíblia de definir o Divino: “Deus é amor” –a frase aparece por duas vezes na primeira carta de São João (1Jo 4,8.16).

Deus só pode amar.


Irmão Roger: Deus só pode amar

Este é o título de um pequeno livro escrito pelo irmão Roger, da comunidade ecumênica dos monges da comunidade de Taizé, sediada na região da Borgonha, na França. Ela reúne protestantes, católicos e ortodoxos. Existe desde 1940. No Brasil, há um pequeno núcleo de Taizé em Alagoinhas (BA), há 50 anos. O irmão Roger, um protestante que rompeu todas as falsas barreiras das estruturas religiosas, foi assassinado aos 90 anos, agosto de 2005, quando uma mulher romena, com distúrbios mentais, apunhalou-o várias vezes durante a oração da noite.

O livro de irmão Roger é uma pequena preciosidade que deveria inspirar pessoas de todos os quadrantes de espiritualidade e mesmo aqueles que, não acreditando na transcendência, tecem a vida pela bondade e pela busca da essência do ser humano[1].

Muito antes de Francisco e irmão Roger, santo Isaac, o Sírio, no século VII, pontuou: “Deus só pode dar o seu amor”.

Ricoeur: Deus todo-amoroso

O filósofo Paul Ricoeur, ele mesmo um frequentador da comunidade de Taizé, escreveu na virada do século sobre a mudança do olhar sobre Deus, da ótica do poder para a do amor: “O único poder de Deus é o amor desarmado. Deus não quer nosso sofrimento. De todo-poderoso, Deus se torna ‘todo-amoroso’. Deus não tem outro poder que o de amar e de nos dirigir uma palavra de socorro quando estamos sofrendo.”[2]

Esse Deus todo-amoroso, desarmado ou, como disse o Papa, um Pai “bom, indefeso diante do livre arbítrio do homem” não amedronta, pois, como disse são João na mesma carta, “não há temor no amor; ao contrário, o perfeito amor  lança fora o medo” (1Jo 4, 18).

Um teólogo ortodoxo, Olivier Clément, escreveu um livro sobre a experiência de Taize[3] anotou com precisão a falsificação da imagem de Deus promovida pelos rigoristas e fundamentalistas com seus dedos apontados, punições, penitências: “Em Taizé, as pessoas se libertaram completamente da caricatura de um Deus que amedronta, de um Deus que condena, de um Deus que culpabiliza. É uma caricatura terrível, que afasta muitos jovens do mistério de Deus”[4].

Essa escolha entre Deus-Amor e o deus da culpa está colocada diante de todos os que creem, cotidianamente. Um exemplo que evoca um tema central no mundo hoje em dia:

Os católicos conservadores em todo o canto –inclusive no Brasil– estão numa campanha estridente por uma nova Cruzada contra “os infiéis muçulmanos” e mal escondem seu desejo de proibições, sanções e extermínio. Respiram ameaças, ódio e morte (leia um exemplo dentre dezenas que se reproduzem diariamente aqui). Enquanto isso, Francisco reza pela paz e busca união, comunhão e amizade com os muçulmanos, como o fez em seu recente e emocionante encontro com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayeb no Egito: “Papa em Al-Azhar: somos chamados a caminhar juntos”. Em Taizé, vivenciou-se, no início de maio, o Primeiro fim-de-semana de amizade islamo-cristã.

Sim, há sempre uma escolha.

Para Francisco e os cristãos que buscam o seguimento nas pegadas de seu Mestre, amor é o nome próprio de Deus[5].

Qualquer apresentação de Deus que se traduza em advertências, punições, proibições, discriminação, condenações a gays, lésbicas, trans, mulheres, divorciados e divorciadas, prostitutas, ateus, comunistas, muçulmanos, protestantes, espíritas, gentes de religiões afro, mulheres que abortam são falsificações de Deus. Não passam de projeções dos recalques e desejos de controle e poder daqueles que condenam, individual ou institucionalmente.

O mesmo Isaac, o Sírio, escreveu ao fim da vida sobre as mistificações em torno do diabo e do inferno que nenhuma relação têm com o Deus-Amor: “Como conceber que Deus cria um inferno, um lugar de aflição, de tortura e de abandono? Deus só pode dar seu amor. Ele dá e dará seu amor: ele será tudo em todos”[6].

[Mauro Lopes]