Era noite do dia 11 de novembro do ano passado quando bandidos tentaram assaltar um policial militar que estava de folga e se divertia com amigos em um campo de futebol amador no bairro Lagoa Redonda. Mesmo estando desarmado, o militar reagiu, e acabou baleado e morto. Nas horas seguintes, veio a reação. Onze pessoas acabaram assassinadas e outras sete baleadas nos bairros Curió, Lagoa Redonda e Conjunto São Miguel. Foi a maio chacina já registrada na Capital.
Passados nove meses da matança coletiva, a sociedade cearense ainda espera das autoridades uma resposta sobre o crime. Até agora, nem as autoridades da Segurança Pública, do Ministério Público Estadual nem a própria Justiça vieram à público dar uma satisfação sobre o triste episódio que já ganhou até um programa especial na Rede Globo de Televisão.
Inicialmente, o fato passou a ser investigado pela própria Polícia, através da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). No entanto, ao perceber o tamanho da gravidade do fato e da sua repercussão, além das suspeitas iniciais da provável participação de policiais no crime, o governado do Estado, Camilo Santana (PT), determinou que o inquérito instaurado fosse imediatamente transferido para a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGDOSPSP).
Oficiais e praças
Uma força-tarefa composta por três delegadas, além de escrivães e inspetores do órgão trabalho à fundo no caso por quase 90 dias. O resultado disso, foi o indiciamento de, ao menos, 48 agentes da própria Segurança Pública, a maioria praças e oficiais da PM. A quebra do sigilo telefônico dos investigados possibilitou a localização de indícios e provas suficientes para a identificação e responsabilização dos envolvidos no massacre.
Ao menos, dois oficiais da PM (um tenente-coronel do Comando do Policiamento da Capital/CPC; e um major do Batalhão de Policiamento de Choque/BPChoque), foram indiciados como envolvidos no massacre, segundo os autos. Eles teriam sido indiciados pelo crime de prevaricação (quando o servidor público deixa de cumprir seu dever funcional). Isto é, foram omissos por nada fazer para impedir os 11 assassinatos. Ambos trabalhavam naquela noite como supervisores de policiamento do CPC e do BPChoque, respectivamente.
Quando aos que participaram diretamente das 11 execuções sumárias, deverão responder pelos crimes diversos, entre eles, assassinatos, tentativas de homicídios, formação de quadrilha ou associação criminosa.
Inexplicavelmente, a investigação aconteceu sob sigilo e, até agora, nenhuma resposta foi dada à sociedade cearense. Para os familiares das 11 vítimas, o caso parece está caminhando para o poço da impunidade.
FERNANDO RIBEIRO via Ceará News