O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse nesta terça-feira, em coletiva de imprensa, que não mentiu à Comissão Parlamentar do Inquérito (CPI) da Petrobras sobre suas contas no exterior. A acusação foi utilizada para abrir processo no Conselho de Ética da Casa, que pode cassar seu mandato.
"Eu estou absolutamente convicto de que eu não menti. A minha esposa (Cláudia Cruz) detinha conta, que estava no padrão do Banco Central, não tinha obrigação de declarar. Ela tinha um saldo inferior a 100 mil dólares, não tinha obrigação de declarar", disse. Cunha voltou a afirmar que não tem contas no exterior.
Sobre a CPI da Petrobras, ele disse ainda: "Eu que a criei. Não foi por convocação, fui de maneira espontânea para prestar todos os esclarecimentos".
Depois disso, Cunha começou a falar sobre o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, a decisão de abrir um processo já estava assinada e "guardada no cofre da Câmara". Ele nega que fez isso por vingança e cita ter se encontrado mais de uma vez com o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner.
Ele diz que Wagner ofereceu que Claudia Cruz e Daniele Dytz, mulher e filha de Cunha, ficassem fora do processo no Conselho de Ética. "Soava como chantagem a oferta de Jaques Wagner. Ele oferecia o próprio controle sobre o presidente do Conselho de Ética", afirmou.
Cerceamento da defesa
O peemedebista disse que decidiu voltar "com regularidade" a dar entrevistas, pois há um "nítido cerceamento de defesa" que o tem prejudicado.
Cunha lembrou que, desde 19 de maio, quando prestou depoimento no Conselho de Ética da Câmara, não dava entrevistas públicas, limitando-se a emitir notas ou se pronunciar pelas redes sociais sobre os fatos. "Isso, de certa forma, tem prejudicado e muito não só minha versão dos fatos e defesa, como também a comunicação. Por isso, decidi voltar com regularidade a prestar satisfações eu mesmo, me expor ao debate", disse.
Na avaliação dele, "há um nítido cerceamento de defesa em vários pontos, e a falta de comunicação é um deles". Cunha, que chegou sozinho à sala do hotel em Brasília onde a entrevista coletiva foi realizada, também segue sozinho na mesa de onde fala para a imprensa. Nenhum de seus aliados foi visto no local.
Redação O POVO Online com Agência Estado