A banalização da vida humana
e a naturalização do errado
Estamos vivendo num tempo de naturalização do errado e de plena banalização da vida humana. E o Mercado Público de Camocim é uma grande vitrine deste problema. A foto acima mostra uma pessoa, provavelmente um doente alcoólico, deitada no chão, quase despido, em uma das principais entradas para o mercado do peixe e da carne, e um trabalhador que passa despercebido, como se a cena fosse a coisa mais normal do mundo. Várias pessoas devem ter visto esta cena sem nenhum pingo de comoção, obviamente sem sentir indignação alguma com a problemática social que nos cerca e que atinge principalmente os mais pobres. Ou seja, é o que chamamos de naturalização do errado e banalização da vida humana!
Precismos recuperar ou adquirir urgentemente o bom senso, o exercício da afirmação de valores da dignidade humana, independente de escolhas ou do destino que a pessoa consequentemente venha ter.
Um ser humano que chega ao fundo do poço precisa subir para a superfície, mesmo que ele não queira ou não saiba que precisa. Sozinho ele não consegue. Precisa de ajuda. Mas é justamente este aspecto da solidariedade que tem nos faltado e levado a sociedade para o centro do egocentrismo, para o coração frio do individualismo, desconhecendo o poder profundo da vida em comunidade.
Como resolver este problema?
A resposta para tal pergunta não é tão fácil, mas demanda politica pública e a intervenção de entidades de classe, igrejas e demais pessoas e profissionais com a capacidade de pensar, sem vícios políticos, ideológicos e religiosos, a sociedade que temos e a sociedade que queremos, na perspectiva de construção de um projeto estruturado, que priorize a pessoa humana na sua total integridade como sendo o principal patrimônio da sociedade.
Carlos Jardel
