O Revista Camocim reproduz o artigo de opinião do Anandrey Cunha, uma das mentes jovens mais brilhantes de Camocim, acadêmico do curso de história da UVA - Universidade Vale do Acaraú. Ele reflete argumentando contrário a informação da Revista Exame, que apresenta AQUI Camocim na lista das 50 cidades pequenas mais desenvolvidas do Brasil.
"Amo minha cidade. Mesmo. Mas confesso que me dói extremamente o esforço sobre-humano que é necessário para engolir "guela abaixo" uma informação destas. É estranho que em uma lista que inclua cidades que são verdadeiros polos industriais/portuários/agropecuários tenha entre elas uma cidadela como a nossa, que tem como uma de suas marcas a inegável necessidade do jovem que conclui o ensino médio de sair de sua casa, de sua cidade, para lançar-se a outros locais em busca de oportunidades que não encontra nem sequer esboço nas imediações, salve exceção da Fábrica de Calçados - bastante limitada - e do turismo que aos poucos se esvai enquanto uma grande fonte de renda para o município. Camocim vive atualmente um momento de quase inércia, que corresponde e bem ao sentido literal do termo, e que não é de hoje. Como, então, absorver uma informação deste naipe, que eleva Camocim a uma categoria de cidade que só existe nos mais doces sonhos desta população?
Como pode uma cidade com analfabetismo médio de 26,3% figurar em um Top 10 de cidades pequenas em pleno progresso? Este dado é que de fato assusta! Onde pode haver progresso, seja ele social, político (sobretudo deste), em um espaço onde políticas educacionais verídicas - sim, verídicas, que tem efeito sobre os alunos e suas consciências, e não destas que dão IBOPE, simplesmente - e efetivas, capazes de despertar a cidadania nos futuros homens que guiarão as rédeas da sociedade?
Outro dado interessante está visível na comparação que se pode fazer entre o valor do PIB per capita da cidade no ano pesquisado e o mesmo indicador durante o mesmo período em escala nacional, ou seja, o PIB per capita do cidadão brasileiro (média). O PIB per capita do Brasil está em R$ 22.044.00, segundo dados da própria Urban System, organizadora da pesquisa em questão, e o camocinense está na casa dos singelos R$ 8.971,11, entre cidades que tem os mesmos valores em cifras acima de R$ 40.000 reais!
Como pode? Camocim então teria um IDH acima de 1,00? Ou então a Longevidade de nossa população estaria ultrapassando os 120 anos?
Afinal, que Camocim é essa que a Revista Exame (que tem em sua marca o signo do Grupo Civita) traz em sua matéria? Se tenho uma única certeza, é que não é, infelizmente, a mesma onde vivo".
