Respeito quem vota diferente, mas esse ano vou votar no paradoxo.
Antes de prolongar, declaro que sou muito crítico em relação ao atual Governo. Sob o ponto de vista ambiental, foi um dos piores ou o pior da história. Não criou unidades de conservação, aprovou o código florestal e está inundando a Amazônia em projetos megalomaníacos de impacto a curto, médio e longo prazo. Protagonizou casos absurdos de corrupção e fortaleceu bancadas ruralistas e neopentecostais, que açoitam diariamente a natureza e os direitos humanos.
Mas, esse ano, vou de Dilma. Que paradoxo né?
Vou de Dilma, porque sob o ponto de vista de corrupção, a outra opção é acusada de desviar 4,3 bilhões da saúde mineira, construiu aeroportos em terreno de sua família e, ainda por cima, é filiada ao partido mais corrupto do Brasil, com maior número de deputados cassados, políticos ficha suja e com o maior rombo no orçamento nacional, superando a casa dos 400 bilhões.
Vou de Dilma, porque sob o ponto de vista ambiental e de direitos humanos, a outra opção representa ainda mais as oligarquias rurais e neopentecostais, que estão praticamente todas comprometidas com sua campanha no segundo turno.
Vou de Dilma, porque entrei numa universidade federal em 2004 já em processo de mudança, mas ainda bem sucateada e a vi crescendo em estrutura ao mesmo tempo que acompanhei o surgimento de mais 68 universidades e mais de 140 escolas técnicas, enquanto lembrava que nossas poucas federais antes de 2002 estavam ameaçadas de serem privatizadas.
Vou de Dilma, porque sou cientista e vi o número de bolsas de Mestrado e Doutorado ser quadruplicado e o investimento em Ciência e Tecnologia receber repasses tão absurdamente maiores, que qualquer comparação com os anos de PSDB seriam dignos de riso. Um riso triste, por sinal. A outra opção conseguiu quase falir a melhor universidade do país.
Vou de Dilma, porque nos últimos 6 anos eu rodei o interior de 21 estados do Brasil. Vi muita necessidade de melhorias sim, mas não vi gente passando fome. Pelo contrário, vi muitos realizando o sonho de uma casa, um carro, uma moto, uma escola pro seu filho.
Vou de Dilma, porque dou palestras em várias faculdades, inclusive as recém abertas no interior, e vejo gente de origem humilde com a oportunidade de se formar e de ir pra fora do país melhorar sua formação.
Vou de Dilma porque a ÚNICA opção plausível de ser engolida que me apresentaram pra votar no Aécio foi alternância de poder. Mas, a cada vez que vejo milhares de pessoas assistindo a grande mídia (mineira e paulista principalmente) esconder ou abafar escândalos de corrupção do PSDB e aliados, a cada vez que enxergo o risco de descaso na gestão da educação superior, a cada vez que lembro que o Brasil recorreu ao FMI três vezes para não quebrar banqueiro e que o Arminio Fraga, em três anos, viu a inflação saltar de 6 para 12%, a cada vez que olho para o meu estado (Minas Gerais) e vejo médicos e professores recebendo abaixo do piso e com o 3º menor investimento em saúde do Brasil, a cada vez que olho pra São Paulo e vejo as mesmas pessoas que defendem essa alternância reelegendo um partido que está há 24 anos no poder e que colocou, pela primeira vez na história, o estado no mapa da seca mundial, minha certeza cresce. Alternância é ótimo, mas a que preço?
Esse ano, vou votar indignado no PT. Puto da vida mesmo, querendo rasgar o título de eleitor, porque acho que há muita coisa ruim que foi feita e que não tem nem conserto. Mas vou certo de que não há opção pior do que Aécio Neves e PSDB, quando estamos falando de políticas sociais, educacionais e de distribuição de renda.
Tenho uma Tese de Doutorado pra terminar. Felizmente, pois não sei se teria em outro governo e principalmente porque realizo um sonho de poder ajudar meu país a crescer academicamente, mas também infelizmente, pois não terei tempo de debater por aqui. Como viram, meu voto está sendo publicado sem qualquer tipo de ataque ou provocação em quem vota diferente de mim, porque afinal respeito o voto alheio.
Esse ano, infelizmente, é #Dilma13.
