Em locais onde a ausência do
poder público deixou vazios da garantia de direitos no cotidiano da população,
que convive com problemas como as diversas faces da violência, os olhares
desconfiados são a recepção. Em três áreas de Fortaleza, ocupações da Polícia
Militar tiveram início essa semana e fazem parte das ações do programa “Crack,
é possível vencer”.
No Conjunto São Miguel,
comunidade próxima a Messejana, no Genibaú e no Vicente Pinzón os efetivos
policiais foram acrescidos de duas viaturas e duas motos que atuarão de forma
contínua. Esse é o primeiro passo da intervenção, que instalará um circuito de videomonitoramento
nesses locais.
Câmeras
Cada área de três quilômetros
quadrados receberá 26 postes com câmeras e um micro-ônibus adaptado que atuará
como base móvel de monitoramento, repassando as informações para o efetivo
policial. Os três micro-ônibus já estão à espera da instalação dos
equipamentos. No Conjunto São Miguel, a previsão de finalização da instalação
das câmeras é o fim deste mês.
No São Miguel, o perfil é de
disputa territorial e tráfico de drogas. No local, moradores estão divididos
entre Mangueira e Coqueirinho, com o direito de ir e vir cerceado pela
violência de uma rivalidade que tem como marca homicídios.
Segundo o tenente Messias Mendes,
comandante do policiamento de ocupação do Programa em Fortaleza, os locais
dentro dos bairros foram escolhidos com base nos índices criminais. “Não basta
passar no território, mas permanecer. A expectativa é estabilizar a comunidade
com a presença permanente da polícia”, explicou, acrescentando que a ação
pretende garantir que as políticas públicas que estão sendo desenvolvidas para
as comunidades possam ser implantadas.
Ele explica que o programa
“Crack, é possível vencer” tem três eixos: autoridade, cuidado e prevenção.
Políticas intersetoriais que unem governo municipal, estadual e federal.
Políticas públicas
No São Miguel, as viaturas
circulam por ruas estreitas, sem calçamento ou calçadas, onde o saneamento é
insuficiente e o lixo se acumula em alguns pontos. Marcas de uma comunidade
onde o poder público não se fez presente na obrigação de garantir acesso aos
serviços básicos.
Para o comandante do policiamento de ocupação
do programa, tenente Messias Mendes, compreender que segurança pública é muito
mais abrangente do que a presença da Polícia é uma das bases da atuação que
pode mudar o cenário atual. “Segurança pública também é ausência de um poste,
de uma creche, de emprego. Então temos que trabalhar em várias frentes, sendo
abrangente. A gente acredita que fazendo isso conseguiremos mudar”, comentou o
tenente.
Saiba mais
Na carga horária, módulos sobre a ação da polícia
comunitária; a rede de atenção e cuidado; sobre como funciona o atendimento
público no que diz respeito à saúde e assistência social para quem usa drogas;
além do curso de abordagem à pessoa em risco.
As localidades que participam do projeto foram escolhidas
por estarem entre os 20 piores lugares em indicadores de violência e pela
identificação de “cracolândias”, segundo a Prefeitura. Serão instaladas câmeras
de 360 graus nas três localidades. Os equipamentos funcionarão 24 horas.
O POVO